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Nobel critica biocombustível em novo estudo
DA REUTERS
Alguns tipos de biocombustível podem ter impacto
pior que o do petróleo sobre
o aquecimento global, afirma
o alemão Paul Crutzen, vencedor do Prêmio Nobel de
Química de 1995.
Segundo o pesquisador, há
contas mostrando, por
exemplo, que um combustível derivado de colza cultivada na Europa produz 70%
mais gases causadores do
efeito estufa do que o óleo
diesel convencional. Já o álcool de milho nos EUA pode
ser 90% pior que a gasolina.
Em estudo publicado na
revista "Atmospheric Chemistry and Physics Discussions", Crutzen sugere que a
produção de biocombustível
use plantas que não dependam de muitos insumos e
muita energia na colheita.
A maior vantagem dos biocombustíveis sobre os combustíveis fósseis como petróleo e carvão é que as plantações necessárias à sua produção absorvem ao crescer dióxido de carbono, o gás-estufa
mais abundante no planeta.
Segundo Crutzen, porém,
algumas culturas necessitam
de muito adubo, e o uso desse
insumo pode causar a emissão de gases-estufa que neutralizam -ou superam- o
volume de CO2 absorvido. A
maioria dos fertilizantes
usados hoje liberam óxido
nitroso (N2O), muito mais
nocivo ao clima que o dióxido de carbono.
O trabalho de Crutzen foi
baseado em descobertas recentes de que o uso de adubo
em plantações pode causar
uma liberação de óxido nitroso de três a cinco vezes
mais do que se imaginava.
Com base em outras pesquisas recentes, o químico
critica o discurso que descrevem biocombustíveis como a
panacéia mundial para combater a crise do clima.
Crutzen aponta que mesmo culturas de baixa emissão de gases podem ter impacto negativo sobre o clima.
A substituição de gasolina
por álcool de cana-de-açúcar
pode cortar emissões em até
50%, mas não se o aumento
da área plantada implicar em
derrubada de floresta. Uma
guinada para a produção de
biocombustível também pode agravar a fome em algumas regiões, diz.
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