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Mundo vai ter 30 mil genomas em 2011
Queda de preço da leitura de DNA deve gerar aumento vertiginoso de dados sobre genes humanos, diz revista
Até o ano passado, os
cientistas tinham "lido"
menos de dez genomas;
ideia é facilitar busca
por elos com doenças
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
O ritmo vertiginoso com
que os computadores ficam
mais rápidos chegou ao
mundo do sequenciamento
(leitura) de DNA. No ano passado, havia menos de dez genomas humanos decifrados.
Quando 2011 terminar, serão
mais de 30 mil -por baixo.
A estimativa, considerada
conservadora, foi feita pela
revista científica "Nature"
após ouvir mais de 90 centros de pesquisa genômica
mundo afora. Só até o fim
deste mês, a conta deve chegar a 2.700 genomas.
"QUINHENTÃO"
"O preço está cada vez
mais baixo, de fato. Com US$
5.000, US$ 4.000 você já
consegue sequenciar um genoma. Daqui a pouco vai custar quinhentão", brinca Sandro José de Souza, biólogo do
Instituto Ludwig de Pesquisa
sobre o Câncer (SP) especializado em estudos genômicos.
Um artigo científico na
"Nature" desta semana serve
como um aperitivo do que está por vir. Um consórcio internacional, o Projeto 1.000
Genomas, coordenado por
David Altshuler, do Hospital
Geral de Massachusetts
(EUA), publica dados do genoma de 179 indivíduos dos
cinco continentes.
A batelada de pessoas incluídas na pesquisa tem uma
justificativa simples: achar
variantes raras de DNA. A
questão é que, embora pareça haver um componente genético forte em problemas
comuns, como diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares, é quase impossível achar genes associados a
esse tipo de doença.
Os pesquisadores apostam
que isso se deve ao fato de
que o risco genético de tais
doenças vem de uma miríade
de mutações raras, cuja ação
se soma e acaba desembocando na tendência hereditária a dado problema.
"Essa, ao menos, é a explicação mais popular para os
resultados fracos dos estudos genômicos até agora",
escreve Rasmus Nielsen, da
Universidade da Califórnia
em Berkeley, em comentário
à nova pesquisa na "Nature".
O consórcio internacional
parece ter dado um passo importante para colocar a ideia
à prova: eles identificaram 8
milhões de trocas de uma
única "letra" química de
DNA, até então desconhecidas, bem como 1 milhão de
pequenas adições ou inserções de "letras" no genoma.
Ainda não há leituras de
genomas inteiros de indivíduos brasileiros, embora já
tenha sido sequenciado o
DNA de um tipo de tumor.
"O problema ainda é integrar tudo isso com outras informações, envolvendo só os
genes que estão ativos, ou o
metabolismo do indivíduo,
para responder perguntas específicas. O grande gargalo
está aí", diz Sandro de Souza.
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