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101 novos institutos ganham R$ 553 mi
Com ajuda de fundações estaduais, governo federal cria redes para acelerar pesquisas em áreas estratégicas ao país
Ministro afirma que vai "acompanhar de perto" os trabalhos dos centros e dará "cartão amarelo" a quem não apresentar resultado
EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O governo federal anunciou
ontem o maior investimento já
feito em redes de pesquisa no
país. Serão R$ 553 milhões a serem aplicados em 101 institutos
nacionais de ciência e tecnologia nos próximos três a cinco
anos. Segundo o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia),
o objetivo é consolidar o sistema de pesquisa brasileiro.
Cada um dos escolhidos terá
entre R$ 2,1 milhões e R$ 7,2
milhões para gastar até 2011.
Várias áreas do conhecimento,
como saúde, Amazônia, agronegócio, células tronco, ciências sociais, tecnologia da informação e física foram contempladas pelos consultores.
Apesar de a maioria dos institutos estar no Sudeste -são 36
só em São Paulo-, a maior novidade está na Amazônia, que
ganhou oito. Os centros vão estudar assuntos que vão de biodiversidade até madeira e energias renováveis.
A idéia dos institutos é induzir pesquisa nas universidades,
que vêm crescendo mais rápido
do que o sistema nacional de
ciência e tecnologia. O ministério assume, assim, o papel de
escolher as áreas estratégicas
nas quais as universidades irão
centrar seus esforços.
No lançamento dos institutos, ontem em Brasília, o ministro Sergio Rezende afirmou
que dinheiro hoje não é mais o
maior problema. "Nós teremos
de acompanhar de perto os institutos", disse, deixando claro
que o desafio é obter resultados
de qualidade.
Segundo Rezende, a idéia é
evitar os mesmos resultados
pouco práticos obtidos pelos
institutos do milênio, programa governamental criado em
2001 que distribuiu quase R$
200 milhões para 34 grupos de
pesquisa considerados estratégicos para o país.
"Os relatórios apresentados
pelos institutos do milênio foram muito burocráticos. Nós
agora vamos acompanhar tudo
mais de perto. Queremos agora
menos palavras e saber mais do
que já foi feito [pelos grupos de
pesquisa]", afirmou o ministro.
Segundo Rezende, entre o
primeiro e o segundo ano de financiamento dos institutos,
haverá um "cartão amarelo"
para quem não tiver produzindo como o esperado. "E, no terceiro ano, poderemos até retirar os recursos", disse. Os institutos que funcionarem poderão ganhar uma extensão de
dois anos da verba.
Apesar de a lista de contemplados ser abrangente, o ministério declarou que existem lacunas a serem preenchidas.
"Nós precisamos, por exemplo,
de um instituto de paleontologia e arqueologia. Mas a única
proposta que apareceu, vinda
do Nordeste, era muito ruim".
A área de petróleo e gás foi
outra lacuna mencionada por
Rezende. Segundo ele, apesar
de alguns grupos terem sido
contemplados, é preciso mais
institutos nesse campo.
Apesar de todos os institutos
serem voltados para a área acadêmica, isso não significa, segundo Marco Antonio Zago,
presidente do CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico), que
apenas resultados de pesquisa
básica serão gerados. "Haverá
transferência de tecnologia."
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