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Anticorpo cura gripe aviária em roedor
Moléculas foram retiradas do sangue de humanos que sobreviveram ao vírus H5N1 no Vietnã, e podem inspirar tratamento
Técnica serviu tanto para
prevenir quanto para tratar
infecção, mas requer mais
testes em animais antes de
ser avaliada em pessoas
DA ASSOCIATED PRESS
As amostras de sangue doadas por quatro vietnamitas que
resistiram à infecção pela gripe
aviária podem conter o material necessário para combater a
doença caso ela se transforme
numa pandemia humana. Um
grupo de cientistas anunciou
ontem ter conseguido isolar
anticorpos -moléculas de
"ataque" do sistema imunológico- capazes de destruir o temido vírus H5N1.
Os pesquisadores relataram
como conseguiram usar o sangue doado para desenvolver células produtoras de anticorpos
capazes de neutralizar a doença
em camundongos infectados.
Se a estratégia der certo em humanos, poderá ser possível armazenar esses anticorpos para
combater ou até prevenir uma
eventual epidemia global.
O método de selecionar os
anticorpos foi desenvolvido
por Kanta Subbarao, do NIH
(Instituto Nacional de Saúde
do EUA) que analisou milhares
de moléculas para descobrir
apenas um punhado aproveitável. A técnica para reproduzir
os anticorpos em laboratório
foi desenvolvida pelo grupo do
pesquisador Antonio Lanzavecchia, do Instituto para Pesquisa em Biomedicina da Suíça.
O sucesso experimental da
técnica está descrito em estudo
na edição de ontem da revista
"PLoS Medicine" (http://medicine.plosjournals.org),
A pesquisa começou em 2004,
quando os pacientes vietnamitas concordaram em doar sangue ao Hospital de Doenças
Tropicais da cidade Ho Chi
Minh para fins de pesquisa.
Subbarao também foi responsável pelos testes em camundongos infectados pelo
H5N1. Os roedores que receberam o novo tratamento sobreviveram, enquanto outros
-que receberam anticorpos
comuns para efeito de comparação- sucumbiram ao vírus.
Segundo os pesquisadores, a
técnica funcionou tanto para
prevenir quanto para tratar o
mal e conseguiu neutralizar vírus de duas "safras" diferentes:
uma do surto de gripe aviária
de 2004 e outra do de 2005.
Eficácia secular
A técnica usada pelos pesquisadores, conhecida na biomedicina como "imunoterapia passiva", já era usada para outros
tipos de vírus, mas ainda não
havia sido demonstrada para o
H5N1. Antes de existir a vacina
contra hepatite A, por exemplo,
era comum médicos recomendarem injeções de anticorpos a
pessoas que viajavam para
áreas endêmicas.
O método foi testado até
mesmo de maneira mais rudimentar -e arriscada- em 1918,
durante a pior pandemia de gripe da história. Na época, médicos fizeram transfusões de sangue diretas de sobreviventes
para outros infectados, algumas vezes com sucesso.
Na opinião de William
Schaffner, especialista em gripe da Universidade Vanderbilt,
de Nashville (EUA), porém, a
técnica testada agora em roedores é "uma prova de princípio muito elegante". Antes de
poder ser usada em humanos,
contudo, precisará passar por
mais testes. Só depois de eficácia e segurança comprovadas
em animais o método pode ser
testado em pessoas.
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