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GENÉTICA
Ian Wilmut solicitou autorização para produzir clone terapêutico; objetivo é estudar doença do neurônio motor
Criador de Dolly pede para clonar embrião
DA ASSOCIATED PRESS
O criador da ovelha Dolly, o primeiro clone de animal adulto, pediu ontem uma licença para estudar como as células nervosas
enlouquecem e causam a doença
do neurônio motor -enfermidade degenerativa incurável, cujo
paciente mais ilustre é o físico britânico Stephen Hawking.
Ian Wilmut, que chefiou o grupo de cientistas que criou Dolly
no Instituto Roslin, Escócia, em
1996, disse planejar clonar embriões usando células adultas de
pacientes portadores daquela
doença, que causa degeneração
dos músculos. Ele quer obter células-tronco, induzi-las a se diferenciar em neurônios e, depois,
comparar seu desenvolvimento
com o de células derivadas de embriões saudáveis.
Esse tipo de estudo, conhecido
como clonagem terapêutica, enfrenta oposição de grupos antiaborto, porque envolve a criação
de embriões para sua posterior
destruição -é necessário que o
embrião seja destruído para a obtenção das células-tronco.
"Acreditamos que isso produzirá oportunidades inteiramente
novas para o estudo da doença do
neurônio motor", disse Wilmut
ontem, durante uma entrevista.
Se o pedido for aprovado pela
Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia, órgão que
regulamenta esse tipo de pesquisa
no Reino Unido, será a segunda licença do gênero concedida no
país. A primeira foi dada, no mês
passado, à Universidade de Newcastle, para a clonagem de embriões humanos com o objetivo
de desenvolver terapias para diabetes e mal de Parkinson.
Os embriões produzidos por
meio da transferência nuclear
-técnica que o próprio Wilmut
usou no caso da Dolly- poderão
se desenvolver até o sexto dia,
quando atingem o estado conhecido como blastocisto. É nessa fase que as células-tronco embrionárias são extraídas. A lei britânica permite que isso aconteça desde 2001, mas proíbe que embriões
clonados se desenvolvam além
desse estágio e sejam implantados
para reprodução.
Wilmut não quer desenvolver
implantes de células-tronco para
recuperar os doentes. O objetivo
da pesquisa é entender o mecanismo genético e celular por trás da
moléstia -o que é difícil, porque
os nervos são inacessíveis no cérebro dos pacientes.
"Hoje, tudo o que nós temos é
tecido de pacientes mortos. Precisamos de formas de estudar os
neurônios motores [aqueles que
carregam informação do cérebro
para os músculos] durante o progresso da doença", disse Brian
Dickie, da Associação Britânica
da Doença do Neurônio Motor.
A enfermidade é, na verdade,
um conjunto de doenças de gravidade variada que levam a perda
da função muscular. Cerca de 350
mil pessoas são afetadas todo ano,
e cem mil morrem- a maioria
nos primeiros cinco anos após o
início dos sintomas. Dez por cento delas, como Hawking, sobrevivem por uma década ou mais.
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