São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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Corte federal contribuiu para crise

DA REDAÇÃO

A atual situação da Fapesp tem duas razões básicas: uma foi a retirada progressiva do investimento das agências federais em fomento, principalmente o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) enquanto o número de pesquisadores não parou de crescer no Estado.
O número de bolsas de mestrado concedidas pelo CNPq, no Estado, por exemplo, caiu de 3.991 em 1995 para 1.883 em 2000. O da Fapesp subiu de 828 para 2.929. Os investimentos em bolsas, que respondiam por 11% do gasto da fundação em 1995, passaram a 32% em 2000 e a 52% em 2001.
A segunda causa foi a ampliação do sistema científico paulista, a partir da década de 90, que fez com que a Fapesp investisse, além de sua receita básica -1% da do Estado-, R$ 200 milhões de seu patrimônio (a maior parte, letras do tesouro do Estado, avaliadas hoje em R$ 500 milhões).
Essa ampliação teve como marcos os chamados programas especiais da Fapesp, como o genoma, que pôs o Brasil no seleto clube dos países com capacidade de sequenciar DNA de organismos inteiros -como a Xylella fastidiosa, a bactéria do amarelinho.
Além do genoma, a Fapesp investiu nos programas Biota (um grande mapeamento da biodiversidade do Estado), Jovem Pesquisador (para estimular a fixação de doutores no Brasil), Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas e Parceria para Inovação Tecnológica. Somados, eles responderam por 13,6% das despesas de 2002 até setembro.
Alguns desses projetos, especialmente o genoma, têm sofrido críticas de cientistas. Os cinco pesquisadores ouvidos pela Folha os apontam como co-responsáveis pela situação financeira atual. "O genoma é necessário, mas se não exagerarmos", disse Crodowaldo Pavan, da USP.
"A competência instalada cresceu mais que os recursos", diz. Mas os investimentos, continua, "respondem a objetivos científicos e estratégicos da maior relevância". (CA)



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