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Corte federal contribuiu para crise
DA REDAÇÃO
A atual situação da Fapesp tem
duas razões básicas: uma foi a retirada progressiva do investimento das agências federais em fomento, principalmente o CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) enquanto o número de
pesquisadores não parou de crescer no Estado.
O número de bolsas de mestrado concedidas pelo CNPq, no Estado, por exemplo, caiu de 3.991
em 1995 para 1.883 em 2000. O da
Fapesp subiu de 828 para 2.929.
Os investimentos em bolsas, que
respondiam por 11% do gasto da
fundação em 1995, passaram a
32% em 2000 e a 52% em 2001.
A segunda causa foi a ampliação
do sistema científico paulista, a
partir da década de 90, que fez
com que a Fapesp investisse, além
de sua receita básica -1% da do
Estado-, R$ 200 milhões de seu
patrimônio (a maior parte, letras
do tesouro do Estado, avaliadas
hoje em R$ 500 milhões).
Essa ampliação teve como marcos os chamados programas especiais da Fapesp, como o genoma,
que pôs o Brasil no seleto clube
dos países com capacidade de sequenciar DNA de organismos inteiros -como a Xylella fastidiosa, a bactéria do amarelinho.
Além do genoma, a Fapesp investiu nos programas Biota (um
grande mapeamento da biodiversidade do Estado), Jovem Pesquisador (para estimular a fixação de
doutores no Brasil), Inovação
Tecnológica em Pequenas Empresas e Parceria para Inovação
Tecnológica. Somados, eles responderam por 13,6% das despesas de 2002 até setembro.
Alguns desses projetos, especialmente o genoma, têm sofrido
críticas de cientistas. Os cinco
pesquisadores ouvidos pela Folha os apontam como co-responsáveis pela situação financeira
atual. "O genoma é necessário,
mas se não exagerarmos", disse
Crodowaldo Pavan, da USP.
"A competência instalada cresceu mais que os recursos", diz.
Mas os investimentos, continua,
"respondem a objetivos científicos e estratégicos da maior relevância".
(CA)
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