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POLÍTICA CIENTÍFICA
SBPC temia que R$ 700 milhões contingenciados em 2002 fossem usados na ajuda a empresas elétricas
Dirceu descarta "desvio" de fundos setoriais
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Atendendo a pedidos da comunidade científica, o governo federal anunciou que vai poupar os recursos contingenciados dos fundos setoriais de ciência e tecnologia no esforço emergencial de ajuda às companhias elétricas.
São cerca de R$ 700 milhões, referentes ao ano de 2002, que foram retidos pelo governo e desde
então não foram devolvidos. Talvez essa verba jamais volte a ser
usada com seu intento original,
mas também não irá agora ajudar
a prestar socorro às empresas de
distribuição de energia.
O plano emergencial de auxílio
às companhias elétricas foi instituído por uma medida provisória
do último dia 4 de agosto. Os
membros da comunidade científica temiam que recursos contingenciados dos fundos setoriais
pudessem abastecer o projeto.
Por essa razão, em 9 de outubro
uma carta foi enviada à Casa Civil
pelos presidentes da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência), Ennio Candotti, da
ABC (Academia Brasileira de
Ciências), Eduardo Krieger, e da
Abipti (Associação Brasileira das
Instituições de Pesquisa Tecnológica), Angela Uhler.
Em resposta, no dia 21, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, enviou uma carta a Candotti,
informando que os recursos ligados aos fundos setoriais de C&T
contingenciados em 2002 não seriam usados no plano, "segundo
orientação do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, (...)
tendo em vista a importância da
Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento do País".
Apesar disso, o governo federal
não dá sinais de que pretende realizar o descontingenciamento das
verbas retidas -um montante
que já soma R$ 2,2 bilhões, recolhidos desde 2001, que atualmente
reforçam o caixa da União.
O corte na verba dos fundos setoriais para o ano que vem deve
ser recorde: R$ 835,77 milhões. É
o maior contingenciamento desde a criação dessas formas alternativas de obtenção de recursos
para C&T, em 1999.
São 14 os fundos existentes. Sua
dotação provém de royalties e
contribuições de empresas, com o
objetivo de reinvestir o dinheiro
em projetos de pesquisa e desenvolvimento em ciência, tecnologia e inovação. "A indústria está
incomodada com isso [o contingenciamento]", diz Candotti. "A
promessa original é que esse dinheiro seria aplicado na mesma
área de onde estava saindo."
A SBPC promove uma série de
reuniões em Brasília, nesta semana, entre membros da comunidade científica e integrantes do governo federal.
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