São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Taxa anual de desmatamento na Amazônia cresce 3,8%

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A taxa anual de desmatamento da Amazônia cresceu 3,8% em 2008 em relação ao ano anterior e é equivalente a duas vezes o território do Distrito Federal. Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), neste ano houve 11.968 km2 de desmatamento, contra 11.532 km2 do ano anterior -o "ano fiscal" do desmatamento vai de agosto de um ano a julho do outro.
O crescimento, porém, está dentro da margem de erro, que é de de 5% para mais ou para menos. O número leva em conta somente corte raso, ou seja, áreas totalmente desmatadas.
Na opinião de Gilberto Câmara, diretor do Inpe, "tudo estava levando a crer que haveria um desmatamento mais alto" e há razões para ficar "aliviado". O próprio ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) previra que a cifra final ficasse em cerca de 14.000 km2. Ele não comemorou. "O desmatamento ainda está alto e precisa ser diminuído (...). A gente quer desmatamento zero."
Minc atribuiu a derrubada ao aumento dos preços da carne e da soja. Ele disse que, apesar de não estar totalmente convencido, essa é a melhor explicação.
Para o ministro, algumas medidas foram importantes para evitar que a taxa anual "explodisse" entre 30% e 40% a mais que a do ano anterior. Uma delas foi a resolução do Banco Central que vetou o crédito a desmatadores e o trabalho de fiscalização nos 36 municípios que lideravam o ranking da motosserra.
Segundo Minc, dos 20 munida lista onde a situação era mais crítica, apenas dois -Novo Repartimento (PA) e Juara (MT)- tiveram avanço no desmatamento neste período.
No ranking dos Estados, o Pará foi o campeão em área desmatada, com 5.180 km2. No entanto, mantém tendência de queda na taxa desde 2004, quando foram desmatados 8.521 km2. Já o segundo colocado neste ano, Mato Grosso, teve aumento da destruição da floresta -foram 3.259 km2 registrados agora contra 2.678 km2 do período anterior.
O Maranhão foi outro destaque negativo. O desmatamento passou de 613 km2 para 1.085 km2, um aumento de 77%.
A taxa anual é calculada pelo Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia). Mas, mensalmente, o Inpe divulga um alerta de desmatamento -que inclui a observação de áreas que ainda não tiveram corte raso, mas estão sendo degradadas-, por meio do sistema Deter.
"Havia uma tendência forte de recrudescimento do desmatamento, e isto não aconteceu por uma série de fatores, em parte devido às ações de fiscalização e às medidas coercitivas tomadas pelo governo", afirmou Câmara. "Mas isso não quer dizer que o paciente tenha saído da UTI", disse.
Um dos fatores preocupantes é o aumento das queimadas. No período 2007/2008, foram detectados 101 mil focos, contra 68 mil do período 2006/ 2007. As queimadas deixam as áreas mais suscetíveis e são um dos passos para o corte raso.
ONGs criticaram o aumento da taxa. "O que faltou foi o engajamento consistente de todo o governo e não apenas do Ministério do Meio Ambiente na tarefa de combater o desmatamento na Amazônia", disse Paulo Adário, do Greenpeace.


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