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Taxa anual de desmatamento na Amazônia cresce 3,8%
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A taxa anual de desmatamento da Amazônia cresceu
3,8% em 2008 em relação ao
ano anterior e é equivalente a
duas vezes o território do Distrito Federal. Segundo dados
do Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais), neste ano
houve 11.968 km2 de desmatamento, contra 11.532 km2 do
ano anterior -o "ano fiscal" do
desmatamento vai de agosto de
um ano a julho do outro.
O crescimento, porém, está
dentro da margem de erro, que
é de de 5% para mais ou para
menos. O número leva em conta somente corte raso, ou seja,
áreas totalmente desmatadas.
Na opinião de Gilberto Câmara, diretor do Inpe, "tudo estava levando a crer que haveria
um desmatamento mais alto" e
há razões para ficar "aliviado".
O próprio ministro Carlos
Minc (Meio Ambiente) previra
que a cifra final ficasse em cerca de 14.000 km2. Ele não comemorou. "O desmatamento
ainda está alto e precisa ser diminuído (...). A gente quer desmatamento zero."
Minc atribuiu a derrubada ao
aumento dos preços da carne e
da soja. Ele disse que, apesar de
não estar totalmente convencido, essa é a melhor explicação.
Para o ministro, algumas
medidas foram importantes
para evitar que a taxa anual
"explodisse" entre 30% e 40%
a mais que a do ano anterior.
Uma delas foi a resolução do
Banco Central que vetou o crédito a desmatadores e o trabalho de fiscalização nos 36 municípios que lideravam o ranking da motosserra.
Segundo Minc, dos 20 munida lista onde a situação era
mais crítica, apenas dois -Novo Repartimento (PA) e Juara
(MT)- tiveram avanço no desmatamento neste período.
No ranking dos Estados, o
Pará foi o campeão em área
desmatada, com 5.180 km2. No
entanto, mantém tendência de
queda na taxa desde 2004,
quando foram desmatados
8.521 km2. Já o segundo colocado neste ano, Mato Grosso, teve aumento da destruição da
floresta -foram 3.259 km2 registrados agora contra 2.678
km2 do período anterior.
O Maranhão foi outro destaque negativo. O desmatamento
passou de 613 km2 para 1.085
km2, um aumento de 77%.
A taxa anual é calculada pelo
Prodes (Programa de Cálculo
do Desflorestamento da Amazônia). Mas, mensalmente, o
Inpe divulga um alerta de desmatamento -que inclui a observação de áreas que ainda
não tiveram corte raso, mas estão sendo degradadas-, por
meio do sistema Deter.
"Havia uma tendência forte
de recrudescimento do desmatamento, e isto não aconteceu
por uma série de fatores, em
parte devido às ações de fiscalização e às medidas coercitivas
tomadas pelo governo", afirmou Câmara. "Mas isso não
quer dizer que o paciente tenha
saído da UTI", disse.
Um dos fatores preocupantes é o aumento das queimadas.
No período 2007/2008, foram
detectados 101 mil focos, contra 68 mil do período 2006/
2007. As queimadas deixam as
áreas mais suscetíveis e são um
dos passos para o corte raso.
ONGs criticaram o aumento
da taxa. "O que faltou foi o engajamento consistente de todo
o governo e não apenas do Ministério do Meio Ambiente na
tarefa de combater o desmatamento na Amazônia", disse
Paulo Adário, do Greenpeace.
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