São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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PANORÂMICA

BIOTECNOLOGIA

Troca de embriões pode ter causado falha em clonagem de vaca da USP
Um engano na hora de implantar embriões clonados no útero de uma vaca pode ter causado a confusão que atrapalhou a pesquisa de José Antonio Visintin, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. O projeto, que almejava produzir o primeiro clone de uma vaca adulta no Brasil, passou por uma surpresa desagradável no sábado passado: o filhote acabou nascendo macho.
A resposta para o mistério, disse ontem Visintin em entrevista coletiva, pode ser um clone de feto bovino que também estava presente na pesquisa. "Essa era a segunda fase do nosso projeto: clonar fetos para descobrir se o envelhecimento precoce que se atribui a clones adultos realmente acontece", diz.
Durante a manipulação dos embriões clonados, é possível que tenha ocorrido uma troca, pondera o pesquisador. Outra vaca que carrega um clone produzido pelo projeto e está no segundo mês de gestação deverá ser submetida a ultra-som daqui a 15 dias para determinar o sexo do bezerro. Além dela, a pesquisa inclui outra vaca que supostamente carrega um clone, no quinto mês de gestação (o processo completo dura 290 dias).
Visintin também irá examinar o DNA do bezerro, o da vaca supostamente clonada e o dos fetos. Se a amostra do animal recém-nascido não conferir com nenhuma dessas, a explicação é uma só: sua mãe acabou sendo coberta por um touro de uma fazenda vizinha, já que estava numa propriedade em que só havia fêmeas.
"Se o clone for mesmo de um feto, teremos tido sucesso da mesma forma", diz Visintin, otimista. Mas o bezerro nascido tem tamanho e peso normais, o que pode indicar que ele foi concebido à moda antiga -clones costumam ser obesos e grandes demais. E se todos os bezerros forem filhos do mesmo touro? "Se ele cobriu as três [vacas], aí eu vou comprar esse touro para mim", brinca Visintin. (FREE-LANCE PARA A FOLHA)

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