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Grupo descobre como destruir
placas formadas por bactérias
Estratégia pode funcionar contra infecções hospitalares, gengivite e até limo
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece até propaganda enganosa: um truque capaz de resolver pepinos que vão do limo no
azulejo do banheiro a infecções
hospitalares, passando pela
placa bacteriana nos dentes.
Em resumo, essa é a promessa
de uma descoberta feita por
cientistas nos EUA, que acharam um modo de desfazer os
agregados de micróbios conhecidos como biofilmes.
O termo pode parecer esquisito, mas todo mundo já teve
contato com algum tipo de biofilme bacteriano -afinal, essa é
a causa dos problemas domésticos e de saúde mencionados
acima. Nos biofilmes, os microrganismos deixam de viver
de forma isolada e formam uma
grande comunidade, unida por
uma rede de fibras produzidas
pelas células bacterianas.
Nessa forma de "gosma", as
bactérias prosperam tanto que
seu conjunto fica visível a olho
nu, como ocorre com o limo entre os azulejos. Atacar os micróbios com antibióticos fica
muito mais difícil quando eles
se unem dessa maneira, daí o
perigo que os biofilmes representam num hospital, por
exemplo. Mas a equipe de Richard Losick, da Universidade
Harvard, mostrou que há um
meio de dissolver tal armadura,
sugerido pela própria dinâmica
natural dos biofilmes.
Separação
O que acontece é que, depois
de algum tempo, as vantagens
de manter o agregado bacteriano funcionando diminuem,
porque os nutrientes começam
a faltar e há um acúmulo de
substâncias nocivas aos micróbios. Nesse ponto, o biofilme se
desfaz, e as bactérias se preparam para mais um período de
vida solitária. Em artigo na revista "Science" desta semana,
Losick e companhia contam
como conseguiram detectar
justamente o fator que permite
a desagregação dos biofilmes
que já estão envelhecidos.
Os dados vieram do estudo
de agregados da bactéria Bacillus subtilis. Ao estudar biofilmes maduros da B. subtilis, já
prestes a se desfazer, o grupo
verificou que a responsável pelo desmanche era uma mistura
de quatro tipos de aminoácidos, os componentes fundamentais das proteínas. O quarteto, formado por D-leucina,
D-metionina, D-tirosina e D-triptofano, parece atuar em
conjunto -cada molécula potencializa a ação da outra.
Ministrar a mistura foi o suficiente para destruir não apenas os biofilmes de B. subtilis
como também o de duas outras
bactérias, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, que podem causar infecções
fatais em seres humanos. Ao
que parece, os quatro aminoácidos impedem que as fibras
formadoras de biofilmes se
grudem na parede das células
bacterianas, diz o estudo.
Isso sugere que a mistura pode funcionar como desagregador de muitos tipos de biofilmes. Se tudo der certo, doenças
como gengivites, infecções urinárias e gonorreia poderão ganhar novos tratamentos, sem
falar na limpeza mais eficaz de
ambientes hospitalares e industriais.
(REINALDO JOSÉ LOPES)
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