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Vitória traz responsabilidades, diz cientista
Lula Marques/Folha Imagem
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Deficientes comemoram manutenção de pesquisas pelo STF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo a geneticista Mayana Zatz, da USP, que comemorou ontem a derrota da Adin
contra a lei de Biossegurança,
os cientistas devem assumir
agora "um enorme senso de
responsabilidade". "Não estamos prometendo a cura imediata, mas estamos prometendo que vamos fazer aqui o que
se faz no mundo inteiro", disse.
Patrícia Pranke, da UFRGS
(Universidade Federal do Rio
Grande do Sul), diz que agora "é
hora de voltar ao laboratório".
Para o neurocientista Stevens Rehen, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a decisão vai influenciar diretamente o futuro das pesquisas. "A aprovação traz a expectativa de novos investimentos e
a possibilidade de progresso
científico no país."
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, disse em comunicado à imprensa que a decisão do STF atende à expectativa de "milhares de pacientes"
que têm esperança de cura para
as suas doenças. "O resultado
permite à ciência assumir nova
posição no cenário internacional", afirmou Temporão.
A comemoração tomou conta do saguão do STF e da área
em volta da estátua da Justiça
antes de declarado o fim do julgamento. Dez cadeirantes, todos sorrindo, se juntaram a
amigos e cientistas num abraço. Nesse momento, faltava
apenas um voto a ser lido, o que
deu segurança aos militantes.
"Vitória" era a palavra que se
destacava durante a pose para a
foto simbólica. "Conseguimos!
Não falei?", disse a costureira
paulista Angelita Oliveira, 40.
Ela é mãe de Kathy, 9, portadora de distrofia muscular e figura sempre presente nas manifestações de apoio à pesquisa.
A bióloga Lygia da Veiga Pereira acompanhou a votação
pela TV em seu laboratório na
USP. "Agora mais grupos podem tomar coragem para mergulhar fundo na pesquisa com
células humanas", disse. "Espero que a gente consiga agora
atrair a iniciativa privada."
Derrotados
Um comunicado da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que teve sua posição derrotada, diz que a divisão entre os membros do tribunal mostrou que "não se trata
de uma questão religiosa, mas
de promoção e defesa da vida
humana, desde a fecundação,
em qualquer circunstância em
que esta se encontra."
Falando para um grupo de
colegiais, Matheus Sathler, 24,
que se apresentou como advogado da frente parlamentar
evangélica e bateu boca com cadeirantes, disse que o resultado
era um atraso. "Não se discute
mais célula-tronco embrionária no mundo."
Lídia Said, 53, vestia uma camiseta em defesa do uso apenas
de células-tronco adultas. "Eu
lamento pela sociedade." Sobre
a influência religiosa no julgamento, disse: "Não consigo ver
um ser humano isolado. Como
em outras áreas, a religião permeia o debate."
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