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Pesquisa rendeu Prêmio Ig Nobel a francês
DE SÃO PAULO
O caso da "memória da
água" foi uma das maiores
polêmicas científicas do fim
do século passado. Além de
pôr em desgraça um médico
brilhante, o episódio ajudou
a desacreditar de vez a homeopatia entre os cientistas.
O médico era Jacques Benveniste, imunologista do Instituto Nacional de Saúde da
França. Em 1988, ele propôs
que uma solução diluída a
ponto de não conter traço de
molécula ativa ainda poderia
ter atividade biológica.
A descoberta mostraria
que a água tinha algum tipo
de "memória" das substâncias nela dissolvidas. Isso poderia explicar o funcionamento da homeopatia.
Benveniste mandou o relato da descoberta para a revista "Nature". O editor da "Nature", John Maddox, concordou em publicá-lo, contanto
que o laboratório de Benveniste se submetesse a uma
inspeção posterior.
A comissão encontrou traços de contaminação do laboratório. O experimento
não pôde ser reproduzido.
O artigo foi anulado pela
"Nature", e Benveniste perdeu todo o financiamento
público e o prestígio. Ganhou
duas vezes o Prêmio Ig Nobel, o Nobel de gozação.
Em entrevista à Folha em
2002, o pesquisador disse
que o episódio ajudou a criar
uma dupla resistência: homeopatas pararam de tentar
publicar em periódicos de
prestígio e estes passaram a
recusar qualquer coisa que
viesse de homeopatas.
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