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FHC poderá ganhar um cargo na ONU
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO
O presidente Fernando Henrique Cardoso pode deixar o Planalto para concorrer a um emprego nas Nações Unidas. Seu nome tem sido apontado para a liderança de uma futura comissão da ONU encarregada de rever o conceito de desenvolvimento.
Seria a segunda iniciativa do tipo por parte das Nações Unidas.
A primeira, no final dos anos 80, foi chefiada pela norueguesa Gro
Harlem Brundtland e deu origem ao célebre relatório "Nosso Futuro Comum", que lançou o popular conceito de desenvolvimento sustentável.
O relatório da chamada Comissão Brundtland, lançado em 1987, concluiu que o modelo atual de desenvolvimento do planeta era suicida e faria a Terra mergulhar
num colapso ambiental em questão de pouco tempo. Para resolver
a situação, foi organizada a Eco-92, no Rio de Janeiro.
A nova comissão, que alguns já
chamam de Comissão Cardoso,
se realmente vier a ser criada terá
como encargo aparar as arestas
deixadas pela Brundtland.
"Dez anos depois, percebemos
que o buraco é mais embaixo",
disse à Folha Roberto Guimarães,
da Cepal (Comissão Econômica
para América Latina e Caribe).
Para Guimarães, o diagnóstico
da primeira comissão é válido,
mas "o que leva à decisão política
está equivocado".
Para FHC, a eventual vaga nas
Nações Unidas pode significar a
passagem do mandato de governante para o de estadista, numa
área em que faltam lideranças
mundiais -a do desenvolvimento sustentável.
Brasil em relevo
Daí se origina o papel de destaque que o Brasil vem tendo na Rio
+10, em Johannesburgo, último
grande encontro internacional do
qual FHC participa antes de deixar a Presidência.
"Ele publicamente disse que iria
assumir esse papel, durante uma
reunião em janeiro, em Brasília",
afirmou Guimarães.
Para as ONGs, a idéia de uma
"Comissão Brundtland 2" pode
não ser bom sinal. Alguns interpretam a atitude como um atestado de que a ONU não está muito
confiante na capacidade da Rio
+10 de pôr em prática todos os
compromissos rumo à sustentabilidade adotados no Rio de Janeiro dez anos atrás.
"Para que fazer uma outra comissão, se essa reunião der certo?", questiona Rubens Born, do Instituto Vitae Civilis.
(CA)
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