São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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FHC poderá ganhar um cargo na ONU

DO ENVIADO A JOHANNESBURGO

O presidente Fernando Henrique Cardoso pode deixar o Planalto para concorrer a um emprego nas Nações Unidas. Seu nome tem sido apontado para a liderança de uma futura comissão da ONU encarregada de rever o conceito de desenvolvimento.
Seria a segunda iniciativa do tipo por parte das Nações Unidas. A primeira, no final dos anos 80, foi chefiada pela norueguesa Gro Harlem Brundtland e deu origem ao célebre relatório "Nosso Futuro Comum", que lançou o popular conceito de desenvolvimento sustentável.
O relatório da chamada Comissão Brundtland, lançado em 1987, concluiu que o modelo atual de desenvolvimento do planeta era suicida e faria a Terra mergulhar num colapso ambiental em questão de pouco tempo. Para resolver a situação, foi organizada a Eco-92, no Rio de Janeiro.
A nova comissão, que alguns já chamam de Comissão Cardoso, se realmente vier a ser criada terá como encargo aparar as arestas deixadas pela Brundtland.
"Dez anos depois, percebemos que o buraco é mais embaixo", disse à Folha Roberto Guimarães, da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).
Para Guimarães, o diagnóstico da primeira comissão é válido, mas "o que leva à decisão política está equivocado".
Para FHC, a eventual vaga nas Nações Unidas pode significar a passagem do mandato de governante para o de estadista, numa área em que faltam lideranças mundiais -a do desenvolvimento sustentável.

Brasil em relevo
Daí se origina o papel de destaque que o Brasil vem tendo na Rio +10, em Johannesburgo, último grande encontro internacional do qual FHC participa antes de deixar a Presidência.
"Ele publicamente disse que iria assumir esse papel, durante uma reunião em janeiro, em Brasília", afirmou Guimarães.
Para as ONGs, a idéia de uma "Comissão Brundtland 2" pode não ser bom sinal. Alguns interpretam a atitude como um atestado de que a ONU não está muito confiante na capacidade da Rio +10 de pôr em prática todos os compromissos rumo à sustentabilidade adotados no Rio de Janeiro dez anos atrás.
"Para que fazer uma outra comissão, se essa reunião der certo?", questiona Rubens Born, do Instituto Vitae Civilis. (CA)


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