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Impacto da ideia vai além de dinossauro
DA REPORTAGEM LOCAL
O que a ciência tem a ganhar com a gênese do frango jurássico? Em primeiro
lugar, argumenta Jack
Horner, seria o golpe de
relações públicas definitivo em favor da evolução.
Se for possível convencer o público de que o bicho não é mera aberração
genética, mas o fruto de
um potencial presente nas
células de qualquer galináceo, o elo evolutivo entre
dinos e aves, e o existente
entre os demais seres vivos, seria ilustrado de uma
forma que nenhum museu
conseguiria igualar. Horner diz que seu sonho é
participar do programa de
TV de Oprah Winfrey levando o bicho na coleira.
O paleontólogo Max
Langer, da USP de Ribeirão Preto, diz que não se
pode restringir o potencial
científico da ideia ao estudo dos dinossauros. "O
projeto pode ajudar a esclarecer a influência da genética no desenvolvimento, e a do desenvolvimento
na forma final dos seres vivos. São perguntas mais
amplas e importantes."
Sem o fascínio
Langer, no entanto, não
se identifica com outra
motivação de Horner: a de
ver seu objeto de estudo
enfim "ressuscitar".
"É óbvio que seria divertido ver um bicho desses,
mas eu não ficaria comovido. Além de ter algo de
show de horrores, seria como um filme mesmo. Ele
seria tão dinossauro quanto o T. rex do Spielberg. Ou
seja, não seria!"
Langer argumenta que,
na verdade, a criatura seria um olhar para o futuro,
e não para o passado. Por
isso mesmo pareceria menos atraente para muitos
especialistas em dinos.
"Eu sou um paleontólogo, eu olho para o passado.
Minha identificação é
mais com a história do que
com qualquer outro ramo
da biologia", diz ele.
"Seguindo a analogia
histórica, os galinhossauros seriam como aqueles
experimentos que tentam
criar regimes totalitários
em pequenos grupos sociais parcialmente isolados. Isso, claro, pode gerar
dados para entender como
surgiram os governos fascistas. Mas eu quero mesmo é saber quantas pessoas morreram na Guerra
Civil Espanhola, e isso a
gente só descobre mexendo nos arquivos, no nosso
caso, os enterrados há milhões de anos."
(RJL)
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