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Fazer a cauda é o maior obstáculo, afirma biólogo
DA REPORTAGEM LOCAL
Hans Larsson, paleontólogo
da Universidade McGill (Canadá) que também é biólogo molecular, está dando os primeiros passos para realizar o sonho
de Horner ao manipular embriões de galinha, e descobriu
que fabricar um galináceo com
cauda não é brincadeira.
Mexer na ponta do órgão embrionário, por exemplo, faz
com que o crescimento dele só
estacione. Já o emprego de ácido retinoico, substância que
pode favorecer o crescimento
em certos contextos, ajudou
um pouco, mas o resultado foi
só um pigostilo maiorzinho.
A dificuldade é esperada no
caso da cauda, diz o embriologista brasileiro Igor Schneider,
pós-doutorando da Universidade de Chicago. "Existe muito
menos informação sobre o desenvolvimento caudal do que a
respeito dos membros", afirma.
O que se sabe, explica
Schneider, é que o rabo depende do ritmo de surgimento dos
somitos, estruturas do embrião
que são precursoras das vértebras, sejam elas do pescoço ou
da cauda. Há estudos sobre os
detalhes do processo em serpentes embrionárias, lembra
ele. Já a formação dos membros e dos dedos é uma área
bem mais ativa de pesquisa.
"Esse tipo de proposta é interessante como um exercício intelectual, mas não a vejo como
possibilidade real", diz Schneider. Mesmo considerando a hipótese de que dá para tentar gerar um galinhossauro viável, o
pesquisador vê outros problemas na proposta de Horner.
A ideia do americano envolve
evitar manipulações diretas do
DNA, lidando só com a adição
de substâncias que controlam o
grau de "atividade" dos genes.
"Não há como fazer essas mudanças sem alterar ao menos
algumas regiões reguladoras do
DNA", avalia Schneider. Essas
parecem ser "áreas mestras" do
genoma, que coordenam o papel de muitos genes no desenvolvimento.
(RJL)
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