São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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Fazer a cauda é o maior obstáculo, afirma biólogo

DA REPORTAGEM LOCAL

Hans Larsson, paleontólogo da Universidade McGill (Canadá) que também é biólogo molecular, está dando os primeiros passos para realizar o sonho de Horner ao manipular embriões de galinha, e descobriu que fabricar um galináceo com cauda não é brincadeira.
Mexer na ponta do órgão embrionário, por exemplo, faz com que o crescimento dele só estacione. Já o emprego de ácido retinoico, substância que pode favorecer o crescimento em certos contextos, ajudou um pouco, mas o resultado foi só um pigostilo maiorzinho.
A dificuldade é esperada no caso da cauda, diz o embriologista brasileiro Igor Schneider, pós-doutorando da Universidade de Chicago. "Existe muito menos informação sobre o desenvolvimento caudal do que a respeito dos membros", afirma.
O que se sabe, explica Schneider, é que o rabo depende do ritmo de surgimento dos somitos, estruturas do embrião que são precursoras das vértebras, sejam elas do pescoço ou da cauda. Há estudos sobre os detalhes do processo em serpentes embrionárias, lembra ele. Já a formação dos membros e dos dedos é uma área bem mais ativa de pesquisa.
"Esse tipo de proposta é interessante como um exercício intelectual, mas não a vejo como possibilidade real", diz Schneider. Mesmo considerando a hipótese de que dá para tentar gerar um galinhossauro viável, o pesquisador vê outros problemas na proposta de Horner.
A ideia do americano envolve evitar manipulações diretas do DNA, lidando só com a adição de substâncias que controlam o grau de "atividade" dos genes. "Não há como fazer essas mudanças sem alterar ao menos algumas regiões reguladoras do DNA", avalia Schneider. Essas parecem ser "áreas mestras" do genoma, que coordenam o papel de muitos genes no desenvolvimento. (RJL)


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