São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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POLÍTICA CIENTÍFICA

Proposta sobre o CNPq é fraca, afirma Vogt

DA REPORTAGEM LOCAL

Para Carlos Vogt, presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), as propostas para ciência, tecnologia e inovação (CT&I) que estão sendo discutidas pela equipe de transição do governo Lula representam alguns dos anseios da comunidade científica, mas não vão fundo o suficiente no caso do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Segundo Vogt, o órgão não veria seus problemas resolvidos só com aumento de verbas.
"Seria preciso dar autonomia ao CNPq. Hoje o presidente do órgão não tem mandato, nem os diretores", diz. "Qualquer mudança dos humores políticos pode mudar todo o quadro da instituição."
Além disso, faltaria ao órgão a possibilidade de gerir seus próprios recursos. Para Vogt, a solução seria transformar o CNPq em um órgão mais independente, seguindo os moldes da Fapesp.
As propostas incluem também a reversão do status de organização social (entidade privada que estabelece contratos com o governo) do CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), responsável pelo suporte técnico aos comitês gestores dos fundos setoriais.
"Para nós isso é uma surpresa. Não era essa a sinalização que estávamos recebendo do grupo de transição", disse Lélio Fellows Filho, chefe da assessoria técnica do CGEE. "O credenciamento como organização social é decreto presidencial. Se o presidente entender assim, pode revertê-lo."
Outras propostas, que incluem a revisão das conclusões do Relatório Tundisi (que avaliou as unidades de pesquisa do MCT e sugeriu o fechamento de cursos em algumas delas), foram discutidas ontem pela equipe de transição do governo, na Coppe/ UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Em contato com a Folha, o físico Ildeu de Castro Moreira, coordenador de CT&I na equipe de transição, disse que os documentos são preliminares e correspondem apenas a posições discutidas nos subgrupos de trabalho da equipe se transição, que ainda são objeto de deliberação.
Glaci Zancan, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, não comentou as propostas. "Se não recebi nenhum documento formal, então a coisa está em discussão interna."


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