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BIOLOGIA
Microrganismo é responsável por infecção hospitalar; cientistas identificam razão da resistência a antibióticos
Bactéria oportunista tem DNA decifrado
ISABEL GERHARDT
DA REPORTAGEM LOCAL
Oportunista e com muito mais
jogo de cintura do que suas "colegas", a bactéria que é uma das
principais causas da infecção hospitalar pode estar com seus dias
de glória contados. Pesquisadores
dos EUA e da Alemanha concluíram seu genoma (coleção de genes), desvendando alguns dos
seus segredos.
Uma das coisas que tornam a
Pseudomonas aeruginosa -a
bactéria em questão- tão poderosa é a sua resistência aos antibióticos. Além disso, ela é capaz
de sobreviver nos mais diferentes
ambientes, mesmo quando encontra limitação de nutrientes.
É a principal causa da morte de
pacientes com fibrose cística, desordem genética que produz uma
secreção viscosa que bloqueia a
passagem de ar nos pulmões e
predispõe à infecção bacteriana.
Bombeando antibióticos
A Pseudomonas possui o maior
genoma bacteriano até agora sequenciado, com 6,3 milhões de
pares de bases, representadas pelas letras A, C, G e T.
Os cientistas descobriram duas
características que ajudam a entender por que a bactéria é tão resistente e que deverão se tornar o
alvo para novas drogas.
Uma delas diz respeito à capacidade de se manter a salvo dos antibióticos. Em comparação a outras bactérias, a Pseudomonas
apresenta mais do que o dobro de
genes que codificam proteínas
que controlam o fluxo de antibióticos para o seu interior. As proteínas funcionam como bombas,
jogando para fora do microrganismo o antibiótico que entra.
Além de bombear antibióticos,
a Pseudomonas é capaz de regular, aparentemente de forma muito mais eficiente que outras bactérias, o ligar e desligar de seus genes. "Assim, seu potencial de
adaptação é maior", disse à Folha
Milton Saier, da Universidade da
Califórnia em San Diego, que participou da anotação (localização e
identificação) dos genes.
Saier fez parte de um grupo de
61 especialistas em Pseudomonas
que colaboraram no trabalho de
identificar a função dos genes que
foram sequenciados.
O genoma da Pseudomonas foi,
até agora, o maior a ser decifrado
usando-se exclusivamente a técnica de "shotgun", que quebra o
cromossomo em pedaços pequenos e lê tudo ao mesmo tempo.
O estudo sai na edição de hoje
da "Nature", sendo o 25º genoma
bacteriano a ser decifrado.
"A próxima etapa da pesquisa
estudará quando e como os genes
são ativados", disse Saier.
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