São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

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Sirva champanhe como cerveja, diz químico

Taça inclinada favorece permanência de bolhas no líquido, de acordo com franceses

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

O brinde típico da virada do ano- com champanhe- pode ficar ainda melhor se os conselhos de alguns químicos franceses da Universidade de Reims forem seguidos.
Os pesquisadores mostraram que o ideal é a bebida consumida fria (a 4 graus Celsius) e servida da mesma maneira que a cerveja (ou seja, com o copo inclinado).
Isso porque, a baixas temperaturas e com a inclinação correta do copo, a preservação das bolhas é maior- o que é fundamental no caso do champanhe.
A efervescência, formada por CO2, ajuda a transferir o sabor, o aroma e a "sensação" da bebida para a boca (para as papilas da língua) de quem a degusta.
Os cientistas estudaram a perda de dióxido de carbono no champanhe usando dois métodos diferentes. Um envolveu o derramamento da bebida em linha reta na taça. O outro foi feito com o recipiente inclinado (como se faz com a cerveja).
A conclusão foi que servir com a taça parcialmente inclinada diminui pela metade a perda de CO2.
Os químicos também testaram a quantidade do gás em três temperaturas distintas (4ºC, 12ºC e 18ºC) e viram que, quanto mais baixa a temperatura, mais o CO2 se manteve no líquido (o que já se suspeitava pela lei da solubilidade: quanto mais quente a bebida, mais agitadas ficam as moléculas, e o gás se desprende mais facilmente).
O estudo foi publicado no "Journal of Agricultural and Food Chemistry", uma revista científica da Sociedade Americana de Química.

GOSTO PELA COISA
Essa é a primeira vez que cientistas estudaram especificamente a relação entre a quantidade de CO2 e o sabor e a qualidade da bebida.
Mas o grupo da Universidade de Reims, liderado por Gérard Liger-Belair, tem trabalhado há tempos com as bolhas e o sabor do champanhe e de vinhos finos.
Em 2009, eles publicaram outro artigo no qual mostraram que o formato da taça -reto (em forma de "flauta") ou ovalado (de " navio")- pode influenciar a capacidade de a bolha se misturar à bebida, o que altera o seu sabor. No caso, eles mostraram que a ovalada é melhor.
Agora, eles querem desenvolver um modelo matemático completo, que inclua as múltiplas formas de desprendimento do CO2 enquanto o champanhe é servido.
O motivo do interesse pela bebida dos brindes tem uma explicação: a Universidade de Reims fica na região de Champagne-Ardenne, na França. Lá é que é feita a bebida original, que leva o nome da região.


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