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Análise

Superjipe marca fim de uma era na exploração marciana

NASA CANCELOU SUAS PRÓXIMAS MISSÕES DE PEQUENO PORTE AO PLANETA VERMELHO E DESISTIU DE APOIAR JIPE CRIADO POR EUROPEUS, O QUE LEVA A HIATO NAS VIAGENS A MARTE

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A descida do superjipe marciano Curiosity é motivo para júbilo entre os estudiosos do planeta vermelho. E talvez seja o último que eles terão em muitos anos.

Não há dúvida de que crises econômicas afetam programas espaciais, e a última está batendo forte na Nasa.

Se isso parece incompatível com a etiqueta de preço que a missão carrega -US$ 2,5 bilhões (R$ 5,07 bilhões), a mais cara com destino a Marte já feita-, vale lembrar que a recessão sempre age com efeito retardado em projetos espaciais.

Dada sua complexidade, essas missões são gestadas -e pagas- ao longo de vários anos. Só assim Neil Armstrong e Buzz Aldrin puderam caminhar sobre a Lua em 1969, durante uma fase de dura recessão econômica nos EUA. Em compensação, o projeto Apollo que os levou até lá precisou de uma década para ser substituído pelos ônibus espaciais.

No caso do Curiosity, seu planejamento e financiamento começou há oito anos. Com efeito, ele é o último fruto dos bons tempos da economia.

Os problemas para a Nasa estão mais adiante. A agência cancelou suas próximas missões de pequeno porte ao planeta vermelho e decidiu não mais cooperar com o jipe europeu ExoMars, que pretende buscar vida naquele mundo do Sistema Solar.

Não é à toa que, em meio aos justos discursos de orgulho nacional pelo sucesso com o pouso, o administrador da Nasa, Charles Bolden, tratou o Curiosity como um precursor do futuro envio de astronautas a Marte.

No momento, não há passos intermediários planejados entre o novo jipe e as pegadas humanas, embora essa tão esperada missão tripulada só vá acontecer, na melhor das hipóteses, no final da década de 2030.

Portanto, exceto pelo próprio Curiosity, devemos ter o primeiro hiato significativo na exploração marciana desde os anos 1990 -a não ser, é claro, que o novo jipe faça alguma descoberta fantástica que motive governos do mundo todo a pisarem no acelerador rumo ao planeta vermelho.

Por ora, contudo, a tendência é que os marcianos possam ter um pouco de sossego na próxima década -para tristeza dos impetuosos exploradores humanos.

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