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Análise

Espumante gaúcho é a bandeira da produção de vinhos nacionais

O consumidor sabe que o espumante nacional é, muitas vezes, superior aos similares importados

AGUINALDO ZÁCKIA ALBERT
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mesmo papel que o vinho malbec desempenha na Argentina e o carmenère, no Chile, é exercido, no Brasil, pelo vinho espumante, especialmente o da serra gaúcha.

Ganhando medalhas em concursos internacionais e plenamente aceito no mercado interno, é uma verdadeira bandeira do vinho brasileiro.

Hoje, o consumidor sabe que o espumante nacional é, muitas vezes, superior aos similares importados, exceções feitas ao champanhe francês e ao franciacorta italiano.

O seu principal fator de qualidade é o microclima da serra gaúcha. Situada no paralelo 29 de latitude sul, seu terreno montanhoso oscila entre os 600 m e os 1.000 m de altitude. O terreno é ondulado, de difícil mecanização, e seu solo é ácido, argiloso, na sua maior parte de arenito recoberto de basalto.

Os verões ali são amenos e os invernos frios, e o índice de chuvas é alto, variando entre os 1.700 e 2.000 mm/ano.

Essa umidade excessiva, aliada à insolação deficiente -características também encontradas na região francesa de Champanhe- seriam complicadores para a produção de vinhos normais, mas são bem-vindas para a produção de bons espumantes.

Nesse caso, a uva deve ter acidez alta e o vinho não deve ter alto grau alcoólico -para dar frescor. Os processos fermentativos geram aromas finos, nítidos e delicados. A acidez contribui para o desenvolvimento e a preservação dos aromas.

A serra gaúcha engloba as cidades de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Flores da Cunha, Pinto Bandeira e Garibaldi, esta última considerada a capital do espumante brasileiro. Colonizada por imigrantes italianos saídos do Vêneto e do Trentino-Alto Ádige, que ali chegaram a partir de 1870, a produção de espumantes teve início no fim dos anos 1920, e ganhou impulso nas décadas seguintes.

As uvas utilizadas são a chardonnay, a pinot noir e a riesling itálica. A vinificação é feita tanto pelo método tradicional quanto pelo Charmat. Some-se a isso tudo a tecnologia moderna e o trabalho sério e temos o padrão de alta qualidade atingido pelos melhores produtores.

As festas de final de ano são um bom momento para brindar -com orgulho- com as borbulhas da serra gaúcha.

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AGUINALDO ZÁCKIA ALBERT é autor de "Borbulhas: Tudo sobre Champanhe e Espumantes" (ed. Senac, 168 págs, R$ 55)

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