O Faminto - André Barcinski

A asa de frango de R$ 1 milhão

HÁ UM bom tempo, um amigo me falava maravilhas de uma rotisseria japonesa na Vila Guarani, no Jabaquara (avenida do Café, 600, tel. 0/xx/11/5583-2163). A descrição era tão boa que não resisti e fui com ele conferir o lugar. Chama-se Rotisserie Nipon. Existe há quase 15 anos, oferecendo comida para viagem.

Nos finais de semana, os moradores locais fazem fila para levar para casa galetos de televisão, frangos, massas caseiras, salgados, panquecas e costelas de boi e de porco.

O lugar oferece também doces japoneses, combinados de sushi e um bonito contrafilé com alho.

Mas o destaque é a asinha de frango no shoyu, que pode ser comprada a quilo para viagem ou saboreada num bar de espetinhos, que a Nipon abriu do outro lado da rua.

Os espetinhos são os tradicionais -de carne, de frango ou de coração de galinha. Tudo muito bom, mas sem grandes novidades. Já a tal asinha de frango é um achado.

Basta dizer que saímos com o objetivo de visitar três ou quatro lugares de petiscos, mas acabamos passando a tarde toda no bar da Nipon, comendo a asinha e a deliciosa costela de porco feita na televisão de cachorro e temperada só com limão.

O lugar estava cheio de gente do bairro, comendo espetinhos e tomando cerveja gelada.

A asinha merecia um estudo mais aprofundado. O molho à base de shoyu é denso e adocicado, uma delícia. Chega a colar na mão de tão pegajoso (no bom sentido). Um dos petiscos mais deliciosos e lambuzados que já comi.

O molho é tão irresistivelmente "melequento" que quase pedi uma palha de aço para lavar as mãos. Meu amigo, que trabalha com restaurantes, identificou gengibre como um dos ingredientes do molho.

Para tirar a dúvida, perguntei a um senhor que estava no caixa quanto ele cobraria pelo segredo do molho de shoyu.

"Um milhão e você ainda leva as minhas duas lojas", disse o coroa, sorrindo, com a naturalidade de quem deve ter ouvido a mesma pergunta muitas vezes.