A Gourmet - Alexandra Forbes

Toda lista é suspeita

FUI COMER no Mugaritz, famoso restaurante do chef Andoni Aduriz em San Sebastián, na Espanha, o terceiro lugar no ranking dos melhores restaurantes do mundo.

Não gostei. No mês passado jantei no nono colocado, o Le Chateaubriand, em Paris. Trata-se de um bistrô dos mais barulhentos, com serviço apressado e mesas espremidas. A comida não é espetacular.

Diante disso, poderia juntar-me às crescentes multidões que acusam de injusta e fajuta a lista do prêmio "50-Best", cuja edição deste ano será anunciada no dia 30, em Londres.

Hoje em dia, a lista tem o poder de lotar os restaurantes altamente cotados, mais venerada por chefs até do que o guia "Michelin".

Em vez disso, pergunto: existe algum ranking 100% objetivo ou exato? Dá para elaborar regras e critérios que pareçam corretos para todos? Posso confiar cegamente "Michelin"? Claro que não.

Já disse muito e repito: o ranking "50-Best" deve ser visto não como uma declaração absoluta de que tal restaurante é melhor do que tal.

Compilado a partir dos votos de mais de 700 chefs, "restaurateurs", "gourmands" e críticos gastronômicos (entre os quais me incluo), define apenas quem está em alta -e digo isso no bom sentido.

Uso-o como utilíssimo retrato de quais restaurantes mereceram, no último ano, mais atenção e elogios dos especialistas.

A lista está aí para ficar e tem um poder monstruoso. Grant Achatz, do Alinea, em Chicago, conta: "Pessoas ligavam no restaurante dizendo que o nosso site tinha saído do ar. Houve 50 mil pedidos de reservas de última hora. Os telefones não paravam de tocar".

Aos que estão no ramo, digo: em vez de remarem contra a maré em vão, mexam-se. Apresentem-se em fóruns lá fora, recebam chefs estrangeiros como convidados, apareçam na mídia e na internet.

A dura verdade é que entrar para a tão almejada (e polêmica) lista dá muito trabalho.

Manter um restaurante sempre no mesmo alto nível de excelência não passa do primeiro requisito. O segundo consiste em atrair jurados a provar sua cozinha.