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A hora do atum

Peixe de 470 kg, que não era achado no Brasil desde a década de 70, causa rebuliço entre os sushimen de
São Paulo e abre a temporada do atum gordo

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Era um fim de tarde, já escuro, de uma terça-feira de garoa. Na porta de aço que protege uma peixaria nas redondezas do Mercadão formava-se, por volta das 17h, um burburinho louco.

Eram donos de restaurantes japoneses e sushimen de todos os cantos da cidade.

Estavam a esperar, numa ansiedade sem disfarce, o atum "bluefin", o mais raro e cobiçado do mundo, que estava a caminho.

Nunca nenhum daqueles cozinheiros, muitos deles há 30 anos nesse mercado, havia visto um peixe daquele tamanho: robusto, prateado, brilhante, de 470 kg e quase três metros de comprimento.

Desde a década de 70, diziam, um peixe daquele porte não era pescado no Brasil.

Quando são pegos, geralmente em águas mais profundas e frias (onde acumulam mais gordura, que serve de energia e isolamento térmico), vão direto para o maior mercado de peixes do mundo, em Tóquio, que já foi cenário de leilões milionários.

São os japoneses, fanáticos pela pesca do atum, que observam por imagem de satélite, à exaustão, os padrões migratórios desses animais velozes, que se alimentam de sardinha, lula e arenque.

TECNOLOGIA

Assim, incrementam a busca em alto-mar, em barcos espalhados pelos oceanos, com altíssima tecnologia, que lhes permite "fisgar" os peixes em grandes profundidades.

A disputa era acirrada. Todos estavam a postos para dividir aquele bicho de carne tenra, avermelhada nas proximidades dos músculos, rosada na região da barriga e com filamentos brancos de gordura. Na boca, a carne untuosa desmanchava-se sem esforço.

Após tratado na presença dos sushimen frenéticos, de câmeras em punho, foram aproveitados 380 kg, vendidos por R$ 152 mil (R$ 400 o quilo), preço definido ao final da jornada.

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