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Nina Horta

Romantismo provençal

Fiquei doida para fazer um casamento em que todos cheirassem a alho e lavanda

É próprio das noivas romantizarem seus próprios casamentos. E parece que a coisa mais romântica que existe é a Provence. Decoração provençal com lavanda já crescida no Brasil, girassóis, mimosas, alcachofras, amendoeiras em flor, limões dependurados dos galhos, laranjas maduras.

Um inglês francófilo dizia que sabia quando a Provence começava pois o "mal desaparecia, as macieiras não floresciam e a couve-de-bruxelas não conseguia nascer". Concordo com a couve-de-bruxelas, muito ruinzinha mesmo.

Em viagem pela Provence fui obrigada a ir a um dentista. Hotel americano, sala moderna, boca aberta, ia conseguindo perguntar pela comida, pedir dicas de restaurante.

E o doutor só arregalava os olhos. "Comida, aqui?" Não, nada de especial, tudo muito simples, legumes, verduras, uma carne ou outra. Cheguei à conclusão de que o próprio morador de lá nem sabe como explicar o glamour que os de fora atribuem aos ingredientes deles.

Depois de muita pesquisa de comidas provençais e lindas fotos, fiquei doida para fazer um casamento em que todos cheirassem a alho e lavanda, e eis que recebo um e-mail de leitora. Lá vai ele, editado:

"Eu me senti na obrigação e, talvez, no direito, de fazer algumas observações sobre o alho, já que citou o já famoso sorvete de alho. Bom, quando viemos para BSB, meu marido foi trabalhar na Embrapa. Ele já era especialista em cultura de alho e, nestes anos todos, com as experiências, o conhecimento se aprofundou bastante, de forma que alho aqui em casa é praticamente ingrediente obrigatório em tudo (inclusive as crianças gostam muito e raramente ficam doentes, ainda vou provar que é porque uso uma cabeça de alho por refeição...). O fato é que, pensando no sorvete de alho, aquele feito com alho negro (alho comum que, ao ser aquecido a 40ºC por mais ou menos um mês, sofre um processo de caramelização e fermentação dos açúcares, conferindo gosto adocicado, defumado, sem odor, gosto diferenciado mesmo), muita gente -incluindo eu- torce o nariz e blasfema, dizendo que não dá nem para experimentar sorvete de alho. Mas é bom, e chique!

Outra coisa diferente é o alho rei ou alho elefante, um alho de sabor suave usado em saladas, conhece?

Enfim, eu só queria mesmo te contar que, do inusitado sorvete de alho ao corriqueiro feijão refogado no alho "prensadinho", o bendito alho toma muito espaço no cenário da agricultura de hoje no Brasil e está tirando famílias inteiras da zona da pobreza, nos cantos e recantos do nosso país, onde o meu marido e a equipe passam dias transferindo tecnologias de produção...

O alho nacional é muito bom -sobre isso e outras coisas você pode contatar a Embrapa (hortaliças) e até o Francisco, meu marido (fresende@cnph.embrapa.br).

Aqui em casa, com tantos alhos, devo lhe dizer que estou ficando especialista em testar e inventar receitas. Outro dia fiz o risoto de alho inteiro com ervas, ficou simplesmente show de bola... Patrícia Resende."

E, para comprar o alho entre no blog da Marisa Ono. O endereço é marisaono.com/delicia.

ninahorta@uol.com.br

Leia o blog da colunista
ninahorta.blogfolha.uol.com.br

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