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Opinião

É hipocrisia pensar só nos patos; e as galinhas que são enjauladas?

ALEXANDRA FORBES
COLUNISTA DA FOLHA

Causa furor a lei californiana que proíbe a alimentação de gansos e patos à força ("gavage") e a venda de foie gras.

Os defensores da medida têm razão quando dizem que a engorda do fígado deteriora a saúde das aves. Já os opositores argumentam que o foie gras é fundamental à tradição gastronômica francesa: um fato incontestável.

Mas o xis da questão é subjetivo. Há discordâncias até entre aqueles que visitaram fazendas produtoras. O "gavage" parece cruel para uns e normal para outros.

As aves estão entre os muitos animais que o homem maltrata para transformar em comida, como lagostas e tubarões -que são jogados de volta ao mar depois de extraídas suas barbatanas. Tanto o público quanto a mídia sensibilizam-se mais quando o animal é bonitinho.

Embora o governo francês tenha manifestado oposição à lei, na prática, ela pouco afetará a pátria do foie gras.

Os prejudicados são os que mais exportavam a iguaria para a Califórnia, cujas fazendas ficam no interior da província de Québec e do Estado de Nova York, onde o "gavage" ainda é legal.

É hipocrisia focar apenas no bem-estar de aves que são gota no oceano: para cada pato destinado à produção de foie gras, há milhões de galinhas apertadas em jaulas de grandes granjas. Não morrem porque tomam antibióticos. Isso para não falar em vacas e porcos, criados em escala industrial, para os quais não há lei de proteção em vista.

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