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Livro revê chef dos EUA que conquistou as donas de casa

"Ela era como uma vizinha dando conselhos", diz autor de biografia de Julia Child, apresentadora de televisão que completaria cem anos hoje

MARÍLIA MIRAGAIA
DE SÃO PAULO

Se estivesse viva, Julia Child (1912-2004), notável apresentadora de TV, chef e escritora norte-americana, completaria cem anos exatamente hoje. Nos EUA, comemorações relembram o peculiar "bon appétit" com o qual ela se despedia em seus programas.

Como parte das celebrações, a editora Alfred A. Knopf lança nos EUA "Dearie", livro de autoria de Bob Spitz, que escreveu "The Beatles - A Biografia". Não há previsão de lançamento no Brasil.

Spitz falou por telefone à Folha sobre o projeto, que levou quatro anos para ser concluído, e sobre sua relação com a apresentadora -aos 13 anos, ele a assistia na TV, ao lado da mãe, que era "uma péssima cozinheira".

No Brasil, a chef falastrona e alegre se tornou conhecida em 2009 com o lançamento de "Julie & Julia", filme com Meryl Streep.

Nos EUA, havia conquistado notoriedade quase meio século antes ao publicar "Mastering the Art of French Cooking", em 1961 (primeiro volume), livro dedicado a ensinar a cozinha francesa a americanos. Ela escreveu 18 livros, que venderam mais de 6 milhões de cópias.

Julia não demorou para se se tornar estrela de programas televisivos, como "The French Chef" (vencedor do prêmio Emmy), que tinham o mesmo intuito: levar seus espectadores à cozinha.

É a vivacidade da apresentadora, sua personalidade intensa, que Spitz quis expor. "Minha intenção era fazer com que o leitor sentisse que poderia conhecê-la completamente", afirma o autor.

Além de entrevistas, vasculhou por dois anos os arquivos dessa americana de quase 1,90 de altura, natural de Pasadena, na Califórnia.

A vida dela estava documentada em cartas, diários e roteiros de TV, distribuídos em mais de cem caixas.

UMA SENHORA NA SICÍLIA

Em 1992, uma experiência marcou o trabalho do autor: passou um mês com Julia na Sicília, na Itália, "comendo e conversando sobre cozinha".

Spitz trabalhava no país quando um amigo o telefonou: "Você acompanharia uma senhora de passagem por aí?"

A resposta negativa não durou muito. Tratava-se de Julia Child, aos 80 anos, que procurava um guia na Itália. "Por onde quer que fosse com ela diziam 'Aquela não é Julia Child?' Então vinham em nossa direção e a abraçavam como se fosse parte da família'."

'CONSELHOS DA VIZINHA'

No mesmo ano em que ela lançou seu programa de TV, em 1963, o então adolescente Spitz acabara de ganhar uma guitarra e entoava músicas dos Beatles.

Sua mãe assistia a Julia na TV com lápis e papel na mão, anotando tudo o que via. E, pouco a pouco, melhorava seu desempenho na cozinha.

"Ela convenceu as donas de casa a deixarem comida em lata e congelada de lado, voltar ao fogão e aprender a cozinhar novamente".

Não à toa, o livro é dedicado à mãe, "uma das primeiras 'french groupies'" a seguir os conselhos de Julia. "Ela se tornou uma celebridade sendo ela mesma. Era como uma vizinha dando conselhos: alguém que você entende. As pessoas querem alguém real", acredita Spitz.

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