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História do melhor pastel liga Japão à zona leste de SP

Receita de avô nascido em Okinawa virou um bom negócio na Vila Carrão

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Chinroku Kanashiro nasceu em 1910 na província de Okinawa, no Japão, e veio para o Brasil ainda jovem, não se sabe ao certo quando.

Em 1991, quando morreu, deixou para a família -sete filhos, de dois casamentos- um legado que havia construído com dificuldade: sua receita de pastel de feira, que lhe deu sustento por anos.

Foi com a mesma receita, incrementada com manjericão, que seu neto Igor Keidi Lavezzo -21 anos depois da sua morte- levou o pastel de feira da família ao posto de melhor de São Paulo, eleito na quarta edição do concurso promovido pela prefeitura, na última segunda.

Na praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, estava reunido um júri de 20 pessoas, entre elas, chefs como Roberto Ravioli, do Empório Ravioli, e Alberto Landgraf, do Epice, incumbidas de escolher, entre 20 concorrentes, o melhor pastel.

Depois de abocanhar um tanto de cada pastel (todos de carne), às cegas, em busca de uma massa firme, leve e douradinha, sem desmilinguir, e um recheio de carne úmido e bem temperado, o júri deu o veredito.

Era o pastel da barraca Kyoto, que levou a pontuação mais alta (8,49). Hoje, a marca está alocada em 19 feiras espalhadas pelas regiões sul, leste e oeste da cidade.

DE SANTOS À VILA CARRÃO

A primeira pastelaria de seu Chinroku foi aberta em Santos. Quem conta é sua filha Marina Kanashiro Bagestero, mãe de Igor, 25, que

hoje toca o negócio com seu cunhado Roberto Matias, 27. Em um momento de aperto financeiro, Chinroku vendeu o salgado até na praia. Foi um dos primeiros feirantes de São Paulo a montar uma barraca do quitute.

Há cerca de meio século, o pastel começava a ser feito na própria feira. O recheio -carne, queijo e palmito- era embalado na massa na barraca, conforme apareciam os clientes. A fritura era auxiliada por dois hashis enormes.

Fato é que essa história toda perdeu fôlego na mão da segunda geração da família. Foi Igor e seu cunhado Roberto que deram novos rumos ao negócio, depois de voltarem de uma viagem ao Japão.

Em Kyoto, tocaram por um ano uma pastelaria, que abria sempre no fim do dia e invadia a noite, com clima de bar.

"Todo mundo diz que o pastel é do Japão, mas eu

discordo. Nunca vi pastel lá. É mesmo uma receita brasileira", conta Igor, que morou no país de 2005 a 2009.

Hoje, sob a batuta da terceira geração da família, os pastéis são feitos de cabo a rabo na casa da matriarca, na Vila Carrão, na zona leste. Na feira, são somente fritos.

De tanto que o negócio cresceu, a casa ficou pequena para a família e os pastéis. Todos estão de mudança e o local, em breve, vai alojar somente a produção, escoada por quatro Kombis.

NA INTERNET
Veja onde comer pastéis da barraca Kyoto em SP
folha.com/no1144098

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