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Comer com os olhos

Presença de autores dos livros na TV é decisiva para as vendas, afirmam especialistas; lojas ampliam espaço para títulos de gastronomia

DE SÃO PAULO

A crise econômica na Europa levou, curiosamente, ao aumento das vendas de livros de gastronomia em alguns países do continente.

Estudo realizado pela Voltage, empresa brasileira especializada em pesquisa de mercado, em parceria com entidades globais de tendências, aponta o seguinte movimento: as famílias passaram a jantar menos fora e a cozinhar mais em casa, auxiliadas por livros de receita.

No Reino Unido, por exemplo, as vendas de títulos do segmento cresceram 8% entre 2010 e 2011.

No Brasil, o hábito de comprar livros de gastronomia ganhou força. Mas o impulso foi o oposto: o aumento do poder aquisitivo da população nos últimos anos.

Outro dado ajuda a entender essa ascensão. A gastronomia cresce como um todo no Brasil -restaurantes abrem, faculdades lançam cursos, chefs ganham fama.

Atenta a esse momento, a TV passou a explorar ainda mais esse filão.

Não é uma coincidência que os livros em destaque sejam de autoria de personalidades com programas na televisão. Claude Troisgros apresenta "Que Marravilha!", e Jamie Oliver comanda a atração que leva seu nome, entre outros programas. Ambos estão no canal pago GNT.

"Ser celebridade não é condição essencial para o livro fazer sucesso, mas ajuda muito", diz Marcos Strecker, diretor editorial da Globo Livros, que publicou os dois títulos de receitas que estão no top 10 de não ficção.

"A TV cria familiaridade. Há facilidade na linguagem e uma informalidade que gera aproximação", diz Luciana Maia, gerente-geral da Publifolha, editora na qual a gastronomia é uma das áreas mais expressivas.

Livro da editora Senac, "Panelinha", da chef Rita Lobo, bateu o recorde da casa ao vender 18 mil exemplares. Desde o seu lançamento, em dezembro de 2010, já registrava números acima da média. A partir de abril deste ano, quando ela ganhou programa no GNT, "Cozinha Prática", as vendas cresceram.

RENDA E PRATICIDADE

"Esse é um segmento que vive uma fase rica, principalmente por causa de um público que não estava acostumado ou não tinha condições financeiras de consumir livros de gastronomia", afirma Marcos Strecker. Em média, esse tipo de publicação tem preços mais altos do que as obras de literatura.

O economista Fabio Sá Earp, professor da UFRJ e pesquisador do mercado editorial, identifica uma "mudança cultural", na qual o ato de cozinhar está "integrado ao jogo de sedução".

Earp também menciona a praticidade. "É um presente de uso imediato. Você ganha e pode ir para cozinha testar."

Para o economista, "os livros de cozinha são como um dicionário: não têm um público muito específico, quem vai para a cozinha pode ter de 15 a 80 anos".

NA VITRINE

As estantes das livrarias dedicadas à gastronomia estão cheias, e a exposição dos títulos, mais privilegiada.

Para Sá Earp, há uma "conjugação" entre os elos do mercado. Editores lançam mais obras, e livrarias as expõem melhor. "O lugar onde estão colocados os livros é tudo para a venda", diz Earp.

Rafael Seibel, diretor de marketing da Livraria da Vila, relata um cuidado maior da empresa com o segmento, que ganhou seções próprias e mais espaço na vitrine.

Para Fernanda Baggio, analista de negócios da Livraria Cultura, a qualidade gráfico das obras influencia a decisão de compra. "As capas chamam a atenção. Dá vontade de fazer as receitas, que agora são possíveis. Antes, os livros tinham listas de ingredientes de várias páginas."

(LUIZA FECAROTTA E MATHEUS MAGENTA)

NA INTERNET
Leia sobre livros de gastronomia para o público infantojuvenil
folha.com/no1147632

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