São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2011

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PERFIL FRANCISCO DAS CHAGAS NETO, 53

Doce árabe
mão nordestina


Fornecedor de doces árabes para empórios e restaurantes tradicionais da cidade, Chico saiu do Ceará há 30 anos para tentar a vida como padeiro em SP

MARÍLIA MIRAGAIA

DE SÃO PAULO

Quando chegou ao Brás, na São Paulo dos anos 1970, Francisco das Chagas Neto, 53, comia feijão com arroz, farinha e carne -comida de gente "muito humilde".
Nascido no Rio Grande do Norte e criado na cidade de Iguatu, no Ceará, decidiu morar em São Paulo com o "entusiasmo" de ser padeiro.
O trabalho surgiu no balcão de um restaurante libanês, ponto de encontro de árabes que negociavam tecidos naquele bairro.
Não havia "nada de coxinha". Eram servidos quibes, esfihas, caftas e doces cobertos de nozes e mel.
Sem nunca ter lidado com panelas, foi enviado à cozinha. Ali, aprendeu os macetes daquelas receitas: pão achatado, carne temperada com especiarias e as muitas camadas das sobremesas.
A tarefa mais árdua era decifrar as recomendações em outro idioma. "Não entendia nada, achei que eram gagos." Começou, então, a trocar vocabulário com os colegas recém-chegados do Oriente.
Quando deixou Halim, seu "mestre" libanês -hoje dono de restaurante homônimo no Paraíso, em São Paulo-, Chico já reunia algumas receitas e falava um pouco de árabe.
Entre uma e outra investida, chegou a ser o responsável pelo restaurante do clube Homs, na avenida Paulista, um dos mais tradicionais redutos da comunidade árabe.
Há 15 anos, vendeu um Fusca e fundou a CH Doces, que hoje produz 5.000 sobremesas por dia, como ninho de pistaches, maamoul ou fatayer.
Levava amostras de seu produto para os conhecidos até se transformar em revendedor de restaurantes como Raful e Folha de Uva, e de tradicionais empórios da região da 25 de Março, na capital.
Seu Chico, que ostenta a bandeira libanesa em um anel dourado, diz que a clientela no centro se dissipou. Agora, o potiguar terá de conquistar, com seus doces árabes, o paladar dos chineses.



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