São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

O FORA DA LISTA

O chef catalão Ferran Adrià conta como é não estar entre os melhores do mundo pela primeira vez

PRISCILA PASTRE-ROSSI
DE SÃO PAULO

Em nove anos, você frequentou nove vezes a lista mais badalada dos melhores restaurantes do mundo. No décimo ano... nada. Não apareceu entre os cem.
Na semana em que foi divulgada a lista da revista inglesa "Restaurant", não era novidade que Ferran Adrià, do El Bulli, estaria de fora, já que ele decidiu fechar o restaurante em julho. Mas a Folha queria saber do chef catalão como era não se ver no ranking pela primeira vez.
Conhecido como criador da cozinha molecular -título que rejeita- o chef diz que nunca esteve tão dentro da lista quanto agora, explica por que e conta sobre o projeto do El Bulli Foundation.

Folha - Como é não estar na lista da "Restaurant"?
Ferran Adrià - Veja, os oito primeiros lugares do ranking ou são "filhos" meus ou foram influenciados por mim.


Mas como foi a sensação de ver o seu El Bulli de fora?
Quando decidi fechar o El Bulli, sabia que não estaria mais nessas listas. Ter ficado entre os 50 melhores restaurantes do mundo por tantos anos já alimentou meu ego o suficiente. Agora, meu projeto, meu prêmio, é a fundação [referindo-se ao El Bulli Foundation]. É um centro de criatividade que terá os resultados divulgados na internet.


Qual o objetivo do projeto?
Compartilhar nossas criações com os chefs de todo o mundo que estiverem em busca de novas ideias. Funcionará como um banco de dados, que será atualizado diariamente.


Alguma novidade sobre a fundação que possa contar?
Estamos trabalhando no tema. Então ainda não posso adiantar muita coisa. Só que em 30 de julho vamos fechar o El Bulli e, depois, viajaremos por cinco meses, para descansar. A fundação começará a funcionar em 2014.


Os clientes poderão provar as criações da fundação?
Não haverá clientes. O que vamos fazer é durante uns 30 dias por ano convidar estudantes ou jornalistas para provar nossas criações.


Como o público do El Bulli está reagindo à sua decisão?
Quando as pessoas acham estranho [a decisão de fechar o restaurante e abrir um centro de criação], eu digo: "Já fizemos isso antes!". Temos a oficina do El Bulli desde 1998. Ou seja, antes de abrir o restaurante, passamos seis meses criando e estudando, em Barcelona, um novo jeito de fazer gastronomia.


Como a fundação influenciará o futuro da gastronomia?
Queremos mudar a relação da criatividade com a sociedade. Espero ser imitado.


Texto Anterior: Sacolinha onde comprar
Próximo Texto: Italiano boêmio: Pasquale reabre em novo endereço na Vila Madalena
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.