São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011

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Prato feito à japonesa

Tradicional no Japão, o "teishoku" é o equivalente do prato comercial brasileiro e vem ganhando espaço nos restaurantes orientais em São Paulo

MARÍLIA MIRAGAIA

DE SÃO PAULO

Em pleno meio-dia, o operário do clássico "Tempos Modernos", dirigido e encenado por Charles Chaplin, é cobaia para testar uma engenhoca que quer otimizar o almoço dos funcionários na fábrica em que trabalha.
É um verdadeiro desastre: a sopa é despejada em sua roupa, a sobremesa é arremessada em sua direção. Mas a cena retrata com humor desastrado a pressa que chegou também à refeição.
Da falta de oportunidade para comer em casa de tempo para realizá-la, surgem opções como o "teishoku" -que, no Japão, é o similar do brasileiro prato feito.
A tradicional refeição é formada por diversas porções, com geralmente três itens fixos: "gohan" (arroz), "missô shiru" (ou outro caldo) e "tsukemono" (conserva).
O elemento substancioso pode variar. No recém-aberto Ban, na Liberdade, do chef Haraguchi, eles somam mais de 20 opções, listadas em menu disponível no almoço.
São receitas clássicas como "tirashi" (arroz recoberto por peixe cru e frutos do mar), "shogayaki" (porco na chapa com molho de gengibre) e "karê" (versão japonesa do curry, servido com arroz). Os preços vão de R$ 20 ("karê udon", macarrão em caldo) a R$ 45 (sushi e sashimi).

MODERNOS
No sofisticado Kinoshita, o chef Tsuyoshi Murakami propõe uma releitura: os pratos são servidos em diferentes etapas, como em um menu-degustação -e não de maneira conjunta, como diz a tradição.
Uma das escolhas (R$ 49) traz "edamame" (soja japonesa), sashimis, atum empanado com "gohan", "missô shiru" e "tsukemono" -mais abacaxi como sobremesa.
Com inauguração marcada para depois de amanhã, o Espaço Kazu, na Liberdade (comandado pelos mesmos proprietários do Lamen Kazu), aposta, no almoço, na versão japonesa do prato feito, que ganha nova operação.
Ali, depois de fazer o pedido (como o "teppan", peixe preparado na chapa, acompanhado de "gohan" e "missô shiru"), o cliente pode servir-se de um bufê que inclui folhas, legumes e conservas, mais molhos japoneses.

TRADIÇÃO
Adriano Kanashiro, que inaugura até o fim do mês o Momotaro, acredita que a tradição do "teishoku" perdeu a força diante da explosão de restaurantes japoneses na cidade -principalmente entre os que funcionam em sistema de rodízio.
"Hoje muita gente não sabe mais o que é, nem como preparar", diz ele, que relembra do prato que era protagonista de almoços de uma numerosa família fora de casa. A nova casa do chef, que deixou o Hyatt há um ano e meio, só deve abrir, por ora, no jantar.


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