São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2011

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Rango 5 estrelas

Com a comida caseira do chef Jaime Maciel, há 16 anos na seleção, jogadores matam saudade do Brasil

André Mourão/Agência "O Dia"
Balanceada por uma nutricionista, refeições do time também incluem
frutas e salada à vontade


LUIZA FECAROTTA
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

Um estojo com oito facas e um afiador. O chimarrão, a cuia, a erva-mate. Feijão, farinha e goiabada cascão. Jaime Maciel, o cozinheiro da seleção brasileira de futebol, não sai do Brasil sem esse kit básico na bagagem.
Há pouco, repetiu o ritual de juntar seus cacarecos e ingredientes -aqueles que não podem faltar no cardápio dos jogadores- para viajar para a Argentina, país-sede da Copa América neste ano.
Desde que começou a cozinhar para a seleção, em 1995, nunca havia estado em uma cozinha tão grande.
A mesa é posta, o jantar é servido em ponto às 19h numa sala sem janelas. São taças, guardanapos de pano e louça branca. Na maior mesa, ficam os jogadores. Nas outras duas, a comissão técnica e a equipe. Todos comem o mesmo cardápio.
Os jogadores têm uma relação afetiva com o chef e com a comida caseira preparada por ele. Muitos moram fora do Brasil e os pratos são uma maneira de matar a saudade do país, e da panela das mães, nas competições.
"Todo dia eles agradecem. Acordo às 6h, ponho o feijão no fogo e preparo o resto. Meu prazer é ver os jogadores chegarem do treino e comerem com prazer a minha comida. É o momento do meu gol."
"A comida do Jaime é de botar no chinelo a de muito restaurante estrelado", diz o lateral direito Daniel Alves.
Hoje com 54, Maciel começou na cozinha aos 20 anos. Está com a seleção desde 1995, época de Taffarel.
Sempre teve gosto pela cozinha. O pai era maquinista e cozinhava na maria-fumaça.
Jaime tem lembranças de uma massa que "só ele era capaz de fazer". Em um molho de carne e tomate, colocava o espaguete e ali era cozido. "Ficava soltinho." Também não esquece do pão feito na panela de ferro e do arroz carreteiro, com carne-seca.
Até hoje, é costume sua mãe reunir a família aos domingos, em torno de uma panela de galinha caipira, de uma moranga caramelizada.
Quando não está pelo mundo com a seleção, Jaime cuida do restaurante que tem na Grande Porto Alegre.

PRIMEIRA VEZ
A primeira vez que Jaime Maciel pisou numa cozinha profissional foi em Porto Alegre, numa rede famosa de hotéis. Ali começou incumbido do preparo das massas folhadas para salgados.
Circulou por todas as praças até chegar onde vislumbrava: o fogão. Depois deixou o hotel cinco estrelas para trabalhar num hotel no interior do Rio Grande do Sul, na cidade de Livramento. E foi lá que conheceu a seleção, quando ficou hospedada em 1995 para a primeira fase de uma também Copa América.
Dois dias depois de terem ido para a fase seguinte, em Punta del Este, os jogadores, insatisfeitos com a comida local, ligaram para Maciel para que ele os "socorresse".
Nasceu daí um trabalho árduo, que o chef desenvolve com prazer, que transparece pela fala e pelos olhos.

FOLHA.com
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folha.com/co942512


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