São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011

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Cada receita no seu prato

Trabalho de ceramistas complementa a criatividade de chefs à mesa e muda aparência das receitas ; as louças podem ser compradas em lojas de SP

Adriano Vizoni/Folhapress
Sashimis do Aizomê, em cerâmica de Kimi Nii, com cavidade para shoyu

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Tripas de animais já se prestaram para um tanto de coisas. Antes do surgimento dos recipientes manufaturados, eram úteis para cozinhar e para transportar o sangue que mataria a sede dos caçadores nômades.
Mas foram os objetos de cerâmica, resistentes ao fogo e impermeáveis, que permitiram ao homem incrementar métodos de cozer -e agregar a fritura, ao lado do assar, do ferver, do grelhar.
Pois hoje essas peças de argila, que queimam a temperaturas altíssimas até que virem cerâmica, alcançam as mesas dos restaurantes em novo contexto: chegam para compor -e complementar- o trabalho dos chefs.
São criadas numa parceria entre cozinheiro e ceramista de forma que acomodem cada ingrediente de maneira funcional e mais atraente -e ainda têm a propriedade de manter a temperatura dos alimentos por mais tempo.
São trabalhos como o da jovem Gisele Gandolfi -que viajou o Brasil pesquisando os hábitos das comunidades- que resultam em peças que dão suporte à criatividade de chefs como Ana Luiza Trajano, do Brasil a Gosto, Bel Coelho, do Dui, e Alex Atala, do D.O.M.
"Ajudo a dar vazão à criatividade do chef e a chamar a atenção do cliente para o que ele está comendo", diz a ceramista. É uma espécie de resgate da essência do "alfaiate de antigamente".

POESIA
Para a artista plástica e designer Kimi Nii, o comer é uma poesia. Ela modela suas peças numa casa espaçosa, ao som de música clássica, no Butantã. Seu objetivo: fazer peças úteis e bonitas.
É ao lado de chefs como Gabriel Broide e Felipe Ribenboim, do Dois, Jun Sakamoto ou ainda Shin Koike, do Aizomê, que desenvolve formatos especiais para acomodar suas criações.
"A comida esquenta o coração. Por isso eu gosto de cerâmica. Hoje minhas receitas são mais modernas e precisam de um prato moderno, mas com sentimento tradicional", diz Koike.
Com mestrado em história da arte e uma temporada no Japão, Hideko Honma segue a filosofia do ceramista japonês. "Tento aconchegar o alimento." Ela trabalha com chefs como Erick Jacquin.
Nem todas as peças estão à venda. Mas há um universo de louças que podem ser compradas pelos cozinheiros comuns. E vão ao micro-ondas, à máquina e ao forno.


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