São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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CRÍTICA RESTAURANTE

Novo português alia bons pratos a bons preços

Tasca do Zé e da Maria reúne turma ex-Antiquarius e sommelier ex-Brasserie Erick Jacquin em operação simplificada

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

São Paulo não pode se queixar da ausência de grandes casas de cozinha portuguesa. Sim, elas existem e têm grandes méritos, mas são caras, muito caras. Poucas se colocam no nicho em que se coloca a nova Tasca do Zé e da Maria: a de ter uma cozinha de alta qualidade sem preços de altíssima monta.
Certamente ajuda a esse desempenho o fato de ser um restaurante pequeno, com estrutura mais enxuta, e estar num bairro onde o ponto é mais barato. Pode ser uma forma de compensar o alto custo de produtos como bacalhau e frutos do mar.
Ainda assim, a tasca não tem perfil modesto. Embora o tamanho, o luxo ou o ponto não sejam os mesmos, itens como toalhas, louças, taças e ingredientes remetem às casas onde militaram seus proprietários até agora.
Entre os quatro sócios, estão José Maria Alves Pereira (o Zé Maria) -egresso do Antiquarius, assim como o chef e também sócio Ernestino Gomes Pontes-, e o sommelier Gilson Josino, que veio do La Brasserie Erick Jacquin (o time se completa com a sócia Marisol Escobal). A cozinha tem reforço de Ana Ramalho.
A operação também parece simplificada pelo pequeno espaço e pelo pequeno cardápio -há alguns pratos emblemáticos das casas portuguesas, outros lançados ali, mas não superam seis entradas, dez pratos principais e cinco sobremesas. Pouco, diante da proverbial fartura das casas tradicionais.
O grande teste do restaurante português está sempre na qualidade dos pratos de bacalhau -cujo preparo, especialmente a fase inicial de demolhagem, é um conhecido desafio. Nesse aspecto, a Tasca do Zé e da Maria bateu na trave apenas uma vez.
Seu bacalhau confitado (servido com minicebolas e tomates), uma posta sedutora e alva, desmanchando-se nas pontas do garfo depois do lento cozimento em azeite, estava ainda salgada. Efeito que as alcaparras e as azeitonas pretas do acompanhamento amplificavam.
O único outro prato de bacalhau em posta compensou o deslize: servida à lagareiro (com cebolas caramelizadas, batatas, brócolis e azeitonas verdes), levemente empanado, estava macio, com sabor típico da cura do peixe e sem excesso de sal.
Entre os pratos principais, há somente mais um bacalhau (à Bráz, desfiado com cebola, batata palha, ovos e azeitonas pretas). Também das águas, o Tasca ao mar causou desconfiança pela descrição (frutos do mar gratinados ao creme), mas foi uma boa surpresa: vôngole, mexilhão, camarão, lagosta e uma posta de peixe estão banhados por um creme bem leve, temperado com ovas de peixe mujol.
Temos ainda, como entrada, corretas vieiras grelhadas com purê de tomates e azeitonas pretas ou uma suculenta escarola gratinada. Entre os pratos, um arroz de pato molhadinho e uma única massa (delicado ravióli de coelho com ragu de cogumelos). Aos sábados, uma dobradinha com bom sabor e pouco feijão-branco (e nada de embutidos, para quem espera por eles).
As sobremesas são econômicas, mas incluem um toucinho do céu (bolo de amêndoas) que um dia esteve seco, mas no outro, bem úmido; e bons sorvetes.

TASCA DO ZÉ E DA MARIA
ENDEREÇO R. dos Pinheiros, 434, Pinheiros, tel. 0/xx/11/3062-5722
FUNCIONAMENTO de ter. a qui., das 12h às 15h e das 19h às 23h30; sex., das 12h às 15h e das 19h à 0h30; sáb., das 12h à 0h30; dom., das 12h às 18h
AMBIENTE agradável, mas bem pequeno, ampliado pelo terraço e mesas na rua
SERVIÇO sem atropelos
VINHOS boa carta centrada em Portugal
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO R$ 12
PREÇOS entradas, de R$ 19 a R$ 33; pratos, de R$ 39 a R$ 98; sobremesas, de R$ 10 a R$ 15




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