São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

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O FAMINTO Comida sem frescura

ANDRÉ BARCINSKI

Futebol com buchada de bode


Em dia de jogo no Canindé, o Galinhada do Bahia é um exagero e "sair carregado" é uma expressão da realidade


ACABOU A fissura dos torcedores: neste fim de semana começa o Brasileirão das séries A e B. Tem jogo que não acaba mais.
Se você não tem programa para sábado, anote aí: a Lusa pega o Náutico no Canindé.Sábado, com jogo da Lusa, não tem coisa melhor: ir ao estádio ao meio-dia, conseguir uma mesa no Galinhada do Bahia (r. Azurita, 46, São Paulo, tel. 0/xx/ 11/7378-5519) e comer como se não houvesse amanhã.
Depois da sobremesa, é só atravessar a rua e curtir um joguinho. Lou Reed já dizia: "Such a perfect day..." Um dia perfeito!
Em dia de jogo, o restaurante ferve. O Galinhada do Bahia, próximo da marginal Tietê, fica nos fundos de uma vila, que vira estacionamento e ponto de concentração da turma. O forró come solto das janelas das casas e dos carros. É uma festa.
E nada como uma boa buchada para levantar o ânimo da torcida. Os fãs da Lusa se empanturram de galinhada, carneiro, baião de dois, feijão tropeiro, maxixe, quiabo, carne de sol, mandioca, queijo coalho e banana-da-terra.
De sobremesa, doce de jerimum ou rapadura. Se você encomendar, o "seu" Bahia (o simpático Raimundo Soares) faz um camarão na moranga de outro planeta.
Tudo no lugar é um exagero. A pimenta vem num pote de cinco litros. O bule de café tem meio metro de altura. Uma porção de salada mista é capaz de satisfazer toda a linha defensiva da Lusa, incluindo o goleiro.
Na Galinhada do Bahia, a expressão "sair carregado" é uma realidade. Foi o único restaurante de onde eu vi um ser humano sair, literalmente, nos braços do povo.
Aconteceu com meu amigo Dan, um americano, que sofreu uma overdose de pirão de galinha e capitulou depois de ingerir cinco ou seis "coquinhos", uma cachaça curtida no coco e servida estupidamente gelada. Doce veneno.
O serviço é tão amigável que, certa vez, fiz um pedido para uma moça, que julguei ser a garçonete. Ela respondeu: "Eu sou a vizinha, mas trago para você!", e voltou da cozinha com um prato de pirão fumegando. Vaaaaaaai, Portuguesa!


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