São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

A GOURMET Tendências gastronômicas mundo afora

ALEXANDRA FORBES

Descanse em paz, Sam Sifton


Depois de abalar a cena gastronômica, o crítico de restaurantes do jornal 'New York Times' deixa o cargo


A web tem milhões de blogs gastronômicos. A cada instante, novas toneladas de imagens mostram, bem ou mal, o que se come pelas mesas do mundo. Seria eufemismo dizer que se pulverizou o trabalho do crítico (comer fora e reportar o que se viu e provou): comentários sobre restaurantes brotam de todos os lados e metamorfoseiam-se ao serem espalhados nas mídias sociais.
No entanto, a soma desordenada dessas informações jamais igualará o poder de fogo de que gozam os críticos dos grandes veículos -dos quais o mais influente é Sam Sifton, do jornal "The New York Times".
Se a internet castigou o jornal tirando-lhe receita, em compensação deu-lhe centenas de milhares de novos leitores pelo mundo, em tempos em que comer fora e seguir chefs torna-se mania cada vez maior.
Catastrofistas definem jornais como dinossauros em extinção e, no entanto, muitos tornaram-se híbridos, cujo alcance on-line iguala-se ou supera o da versão impressa.
Em junho, Sifton desmontou com magistral habilidade o mito de que o Masa -o caríssimo restaurante japonês- seria o Olimpo do sushi.
Tirou-lhe uma estrela das quatro (cotação máxima) que seu antecessor havia dado. Seguiu-se verdadeiro maremoto na internet de reações contra e a favor, danificando para sempre a imagem do Masa.
Eis porque a crítica de jornal é mais influente e reputada: o carimbo do veículo serve de garantia de que o texto foi apurado e escrito segundo as regras do bom jornalismo.
Enquanto certos blogueiros trocam tapas e beijos publicamente com chefs e colegas e frequentemente usam seus seguidores como moeda de troca, espera-se dos críticos da mídia de primeira linha que não peçam favores, paguem a conta e mantenham uma certa reserva.
Sifton, que chacoalhou a Nova York gastronômica até a raiz desde que assumiu o posto, em 2009, era dos poucos que trabalham assim.
Suas críticas transbordavam humor e audácia, mas na troca com o público ele manteve a ordem no coreto até o fim, anunciado com um tuíte no último dia 13: "Deixo o cargo de crítico para ser o editor nacional do Times. A conta, por favor".


Texto Anterior: Picadinho
Próximo Texto: Fogo alto - Mara Salles: Mistura peruana, sonho brasileiro
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.