São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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NÃO DEIXE A CASA CAIR

Fissuras que se mexem são as mais graves

Engenheiro deve ser escalado se há suspeita de dano estrutural; reparo do defeito pode custar mais de R$ 5.000

Renato Stockler/Folha Imagem
Vazamentos danificaram a fundação e a coluna principal da casa de Quintino de Sousa


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A localização da trinca -também chamada de fissura- e sua movimentação são os sinais mais importantes da gravidade desse problema.
"Fissuras são preocupantes dependendo de onde elas apareçam", reforça o engenheiro técnico Flávio Martins, 31, da Vedacit Otto Baumgart.
"Se estão na alvenaria [parede], causam menor preocupação, mas, se aparecem sobre pilares, vigas e lajes, é bom prestar atenção a seu movimento."
"Há fissuras e microfissuras nas argamassas que ocorrem por adaptação comum do material às condições ambientais do local. Para essas, a solução é a mais simples e barata: basta aplicar nova massa", afirma o engenheiro civil da Simenge Renato Simões Costa, 29.
Esse tipo de manutenção provavelmente pedirá outras aplicações de argamassa, de tempos em tempos, pois as fissuras tendem a reaparecer.
As trincas que saem da quina da janela em ângulo de 45 também são um problema simples. "Significa que faltou uma verga [barra de metal], para apoio da esquadria", esclarece Martins. Nesse caso, o problema são as infiltrações de água.
Perigosas são as fissuras verticais sobre pilares ou as que formam um ângulo de 45 com os cantos das paredes. Para Costa, elas são indício de que há um problema na estrutura.
O conserto desse tipo de defeito é caro: depende de sua origem e desenvolvimento e chega a custar R$ 5.000.
"Um engenheiro deve determinar se ferragens devem ser recolocadas, por exemplo, ou se será recomposto o concreto com argamassa especial para estrutura, conhecida como "graut", com aplicação de telas metálicas no ponto fissurado", lista o chefe dos laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Arnaldo Forti Batagin, 54.
Outro tipo de reforço estrutural -até 30% mais caro que o de concreto-, é usar uma estrutura metálica.
"Deve ser projetada por empresa especializada. Fica pronta em três dias, sem muita sujeira", afirma o engenheiro e tecnólogo de estruturas metálicas Antonio Gattai, 28.

Crescimento perigoso
O aumento do comprimento ou da espessura das trincas é um alerta de que o problema está se agravando.
Para avaliar o desenvolvimento delas, sejam superficiais ou estruturais, podem-se usar massa de pó de gesso e água sobre o ponto. Após a secagem, se a trinca estiver em movimento, a massa também rachará.
"Outra possibilidade é marcar com um lápis os extremos de uma fissura e ver se o comprimento está aumentando", aconselha o professor Cleverson de Oliveira.
O aposentado Quintino Pereira de Sousa, 71, sofre com fissuras causadas por danos na estrutura de sua casa.
O rompimento de tubulações de esgoto provocou vazamentos que deterioraram a fundação e a coluna principal de sustentação da casa. "A coluna cedeu e surgiram fissuras em todas as lajes e paredes."
Ele diz que já gastou R$ 500. "Só não tive de investir mais porque tinha em casa a tubulação nova do esgoto, e o pedreiro não cobrou mão-de-obra", diz.


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