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CASA DE METAL
"Sabor" personalizado encarece projeto
Manutenção da residência não tem quebradeira; telha importada é mais cara e esquenta ambientes internos
DA REPORTAGEM LOCAL
Com obra rápida e limpa e
mão-de-obra reduzida, o "american dream" do "steel frame" é
a melhor pedida para quem
quer se mudar logo -e sem
grandes sustos no orçamento.
"O preço [dos perfis metálicos] ainda pode estar alto, mas
a economia com as fundações
já viabiliza a obra", argumenta
Dante Guelpa, ex-professor da
Escola Politécnica da USP
(Universidade de São Paulo).
Ele ensina que a estrutura de
"steel frame" distribui tensões
e que, em sua base, basta que se
tenha um "radier" -laje contínua de concreto armado.
Outra vantagem do "steel
frame" é o reúso de insumos. "A
casa parafusada pode ser desmontada, e seus materiais, separados", pondera Leandro Palermo Júnior, da Unicamp.
Segundo a Seqüência, sobras
do aço são usadas no próprio
canteiro. Novas chapas de "dry
wall" são feitas com o reaproveitamento de resíduos do material, e a lã de vidro também
será reciclada se não estiver
misturada com outro material.
"Nossas esquadrias são de
um tipo de PVC sem chumbo",
completa Alexandre Mariutti,
arquiteto da construtora.
Fast food
Mas, se a praticidade é um
ponto alto, a estética do "steel
frame" depende de alguns ingredientes extras para não ficar
com um sabor de fast food.
Os perfis chegam da fábrica
em um tamanho padrão, mas
podem ser personalizados por
especificações do projeto arquitetônico. "Tirar o picles do
sanduíche", porém, exige um
orçamento maior do cliente.
Para o revestimento da fachada, "os mais utilizados são
os vinílicos, mas há "sidings"
-ou lambris- de cimento ou
de madeira", diz Mariutti.
"Concretar a fachada ou fazer laje entre os pavimentos aumenta em uma semana a execução de um sobrado."
Há telhas mais caras, importadas e de material asfáltico,
que nem são as mais indicadas
para o nosso clima, porque
aquecem os interiores. "Elas
podem ser de concreto, madeira ou barro", pontua Mariutti.
Cenário
O empresário Fábio Humberg, 42, mora em um condomínio parecido com cenário de
filme norte-americano: todas
as casas são de "steel frame".
"Qualquer manutenção é
muito simples e limpa, basta
que se faça um pequeno recorte
no gesso acartonado, apenas no
local a ser reparado", conta.
Ele diz que a maior dificuldade é se acostumar com o fato de
as paredes e os pisos parecerem
ocos: "Ouve-se, do andar inferior, a água do chuveiro que bate no piso do banheiro".
Humberg revela que nunca
sentiu falta de estabilidade na
casa, mesmo com os ventos
mais fortes que "habitam" a região. "O gesso é um ótimo protetor da estrutura contra incêndios", reforça Mariutti.
Depois da escala em solo brasileiro, o "sonho americano"
tropicalizado atingirá outro horizonte: a fabricante de perfis
Cofar fez acordo com empresa
contratada pelo governo chinês. "Levaremos a tecnologia
brasileira do "steel frame" para
dez cidades da China", revela o
consultor técnico Hélcio Hernandes, 48.
(GIOVANNY GEROLLA)
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