São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

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CASA DE METAL

"Sabor" personalizado encarece projeto

Manutenção da residência não tem quebradeira; telha importada é mais cara e esquenta ambientes internos

DA REPORTAGEM LOCAL

Com obra rápida e limpa e mão-de-obra reduzida, o "american dream" do "steel frame" é a melhor pedida para quem quer se mudar logo -e sem grandes sustos no orçamento.
"O preço [dos perfis metálicos] ainda pode estar alto, mas a economia com as fundações já viabiliza a obra", argumenta Dante Guelpa, ex-professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
Ele ensina que a estrutura de "steel frame" distribui tensões e que, em sua base, basta que se tenha um "radier" -laje contínua de concreto armado.
Outra vantagem do "steel frame" é o reúso de insumos. "A casa parafusada pode ser desmontada, e seus materiais, separados", pondera Leandro Palermo Júnior, da Unicamp.
Segundo a Seqüência, sobras do aço são usadas no próprio canteiro. Novas chapas de "dry wall" são feitas com o reaproveitamento de resíduos do material, e a lã de vidro também será reciclada se não estiver misturada com outro material.
"Nossas esquadrias são de um tipo de PVC sem chumbo", completa Alexandre Mariutti, arquiteto da construtora.

Fast food
Mas, se a praticidade é um ponto alto, a estética do "steel frame" depende de alguns ingredientes extras para não ficar com um sabor de fast food.
Os perfis chegam da fábrica em um tamanho padrão, mas podem ser personalizados por especificações do projeto arquitetônico. "Tirar o picles do sanduíche", porém, exige um orçamento maior do cliente.
Para o revestimento da fachada, "os mais utilizados são os vinílicos, mas há "sidings" -ou lambris- de cimento ou de madeira", diz Mariutti.
"Concretar a fachada ou fazer laje entre os pavimentos aumenta em uma semana a execução de um sobrado."
Há telhas mais caras, importadas e de material asfáltico, que nem são as mais indicadas para o nosso clima, porque aquecem os interiores. "Elas podem ser de concreto, madeira ou barro", pontua Mariutti.

Cenário
O empresário Fábio Humberg, 42, mora em um condomínio parecido com cenário de filme norte-americano: todas as casas são de "steel frame".
"Qualquer manutenção é muito simples e limpa, basta que se faça um pequeno recorte no gesso acartonado, apenas no local a ser reparado", conta.
Ele diz que a maior dificuldade é se acostumar com o fato de as paredes e os pisos parecerem ocos: "Ouve-se, do andar inferior, a água do chuveiro que bate no piso do banheiro".
Humberg revela que nunca sentiu falta de estabilidade na casa, mesmo com os ventos mais fortes que "habitam" a região. "O gesso é um ótimo protetor da estrutura contra incêndios", reforça Mariutti.
Depois da escala em solo brasileiro, o "sonho americano" tropicalizado atingirá outro horizonte: a fabricante de perfis Cofar fez acordo com empresa contratada pelo governo chinês. "Levaremos a tecnologia brasileira do "steel frame" para dez cidades da China", revela o consultor técnico Hélcio Hernandes, 48. (GIOVANNY GEROLLA)

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