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ROCOCÓ MODERNO
Reunir semelhantes despolui ambiente
Decoradoras recomendam nichos para "memórias" parecidas; colecionador recupera sensações do passado
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Agrupar memórias. Essa é a
orientação dos profissionais
para conferir harmonia e bom
gosto aos ambientes decorados
com muitas lembranças.
Para o espaço não ficar poluído, a designer de interiores Marilia Veiga sugere "fazer um
canto de objetos de viagem ou
de itens temáticos".
Na sua opinião, ninguém deve deixar muitos objetos juntos
sem critério. "É preciso departamentalizar. Uma possibilidade é fazer um móvel só para esses itens", orienta.
Outra idéia é escolher um
corredor onde instalar prateleiras e estantes para eles. Para
Flavia Sayeg, a tática é montar
"famílias" de adornos. Por
exemplo, a dos vidros, a das
louças, a dos cristais etc.
Outro critério possível, o de
divisão por semelhança de tons
e cores, "dá mais conforto ao
olhar", aconselha Sayeg.
A decoradora recomenda
manter iluminação suave e indireta nos ambientes com muitos objetos. "Luz branca mostra mais as cores, e o ideal é evidenciar menos as peças."
O agrupamento lógico das
miudezas, porém, não é unanimidade. A arquiteta e decoradora Evelin Sayar conta que
tem suvenires de viagens "espalhados pela casa toda".
Para ela, as peças não devem
ficar condenadas a um espaço
só. "Não gosto de lugar próprio
para coleções. É mais divertido
que elas sejam itinerantes", diz.
Seu xodó é uma coleção de
casinhas que formam uma vila
no vão da escada de seu tríplex.
Fundo psicológico
Um perfil comum entre os
"colecionadores de decoração"
é o dos que desenvolvem tamanha afeição pelos objetos que
não conseguem mais se separar
deles -nem mesmo por uma
boa quantia em dinheiro.
A decoradora Josefina Dias
Calvo precisou até transferir a
loja de decoração que comandava havia 16 anos para sua filha. "Eu não queria vender nada, tinha vontade de ficar com
tudo para mim", relata.
Ela pensa em se mudar para
uma casa maior para acomodar
sua coleção. "De todo lugar por
onde passo, trago louças, enfeites, porta-retratos, caixinhas,
pratos. Não tenho mais onde
colocá-los", desabafa.
Muitas de suas coisas foram
parar na loja da filha, mas a
venda é proibida, não importa o
valor oferecido. "Os itens estão
lá só como enfeite, até eu conseguir espaço para resgatá-los."
O rococó moderno pode representar um comportamento
com fundo psicológico, observa
a psicóloga Adriana de Araújo.
Ela caracteriza essa preferência como um tipo de ancoragem. "Pelo fato de cada um dos
objetos ter um significado -o
local em que foi comprado,
quem estava junto etc.- , é como se olhá-los, tocá-los ou saber que eles estão lá trouxesse o
bem-estar vivido anteriormente de volta", explica.
(RGV)
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