São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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ROCOCÓ MODERNO

Reunir semelhantes despolui ambiente

Decoradoras recomendam nichos para "memórias" parecidas; colecionador recupera sensações do passado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Agrupar memórias. Essa é a orientação dos profissionais para conferir harmonia e bom gosto aos ambientes decorados com muitas lembranças.
Para o espaço não ficar poluído, a designer de interiores Marilia Veiga sugere "fazer um canto de objetos de viagem ou de itens temáticos".
Na sua opinião, ninguém deve deixar muitos objetos juntos sem critério. "É preciso departamentalizar. Uma possibilidade é fazer um móvel só para esses itens", orienta.
Outra idéia é escolher um corredor onde instalar prateleiras e estantes para eles. Para Flavia Sayeg, a tática é montar "famílias" de adornos. Por exemplo, a dos vidros, a das louças, a dos cristais etc.
Outro critério possível, o de divisão por semelhança de tons e cores, "dá mais conforto ao olhar", aconselha Sayeg.
A decoradora recomenda manter iluminação suave e indireta nos ambientes com muitos objetos. "Luz branca mostra mais as cores, e o ideal é evidenciar menos as peças."
O agrupamento lógico das miudezas, porém, não é unanimidade. A arquiteta e decoradora Evelin Sayar conta que tem suvenires de viagens "espalhados pela casa toda".
Para ela, as peças não devem ficar condenadas a um espaço só. "Não gosto de lugar próprio para coleções. É mais divertido que elas sejam itinerantes", diz.
Seu xodó é uma coleção de casinhas que formam uma vila no vão da escada de seu tríplex.

Fundo psicológico
Um perfil comum entre os "colecionadores de decoração" é o dos que desenvolvem tamanha afeição pelos objetos que não conseguem mais se separar deles -nem mesmo por uma boa quantia em dinheiro.
A decoradora Josefina Dias Calvo precisou até transferir a loja de decoração que comandava havia 16 anos para sua filha. "Eu não queria vender nada, tinha vontade de ficar com tudo para mim", relata.
Ela pensa em se mudar para uma casa maior para acomodar sua coleção. "De todo lugar por onde passo, trago louças, enfeites, porta-retratos, caixinhas, pratos. Não tenho mais onde colocá-los", desabafa.
Muitas de suas coisas foram parar na loja da filha, mas a venda é proibida, não importa o valor oferecido. "Os itens estão lá só como enfeite, até eu conseguir espaço para resgatá-los."
O rococó moderno pode representar um comportamento com fundo psicológico, observa a psicóloga Adriana de Araújo.
Ela caracteriza essa preferência como um tipo de ancoragem. "Pelo fato de cada um dos objetos ter um significado -o local em que foi comprado, quem estava junto etc.- , é como se olhá-los, tocá-los ou saber que eles estão lá trouxesse o bem-estar vivido anteriormente de volta", explica. (RGV)

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