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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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FEHAB

Soluções expostas na feira, que começa depois de amanhã, têm como meta agilizar a obra com pouca interferência no ambiente

Idéias buscam menos tempo e mais verde

Fernando Moraes/Folha Imagem
Protótipo do edifício da construtora Inpar; no prédio, um grupo de teatro interpretará uma família que interage com os materiais


ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Otimizar a construção e interferir pouco no ambiente. Esses são os pontos que norteiam as soluções apresentadas pela indústria da construção civil na 19ª Fehab, feira internacional do setor, que começa depois de amanhã e vai até domingo, dia 14, no Expo Center Norte, em São Paulo.
Além dos tradicionais estandes, o centro da feira conta com uma cidade tecnológica, de 4.005 m², no espaço Tecnohab. Formadas por praça, casas e prédios, as construções da cidade apresentam cortes para que o visitante veja as tecnologias utilizadas e compreenda como e de que são feitas.
"As obras mostram o quanto é importante aliar arquitetura e tecnologia com baixo impacto ambiental", diz Vagner Barbosa, 43, diretor da Tecnohab, setor da Fehab que cuida das edificações.

Viabilidade
Mais do que adiantar o que será exibido no evento, a Folha consultou especialistas para saber se essas tecnologias vão mesmo ganhar os lares do brasileiro.
Das quatro casas à mostra, duas são construídas com o sistema de "frames" (quadros, em inglês), em aço e em madeira. Seja qual for o material, a idéia é montar a casa com perfis verticais a cada 40 cm ou 60 cm e vedar com placas. "A construção é rápida e sem sujeira", defende Barbosa.
"Em 60 dias, fazemos uma casa com 100 m2. O custo [com perfis de aço] vai de R$ 350 a R$ 1.000 por m²", conta Fanny Maeda, 29, engenheira da construtora Sequência, uma das expositoras.
Segundo engenheiros, o conforto termoacústico dessas obras é garantido pela camada de lã mineral, que vai no miolo das paredes, e pela espessura das placas.
"Construções desse tipo são comuns nos países desenvolvidos. Aceleram o cronograma da obra e reduzem o custo", avalia o engenheiro Roberto Kochen, 48, do Instituto de Engenharia.
"Isso tudo envolve tecnologia avançada, que, em geral, custa mais. No exterior, esse valor é compensado pela economia com a mão-de-obra. Mas, aqui, dependendo do material, não compensa, pois o serviço é barato", diz Vanderley John, 42, professor da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).

Demora
Pelo baixo custo de mão-de-obra e pelo costume de usar alvenaria, as novas tecnologias vão demorar para conquistar o Brasil, avalia o engenheiro José Roberto Peres, especialista em residências de médio e alto padrão. "Os clientes ainda preferem investir as economias no sistema tradicional."
De acordo com ele, um imóvel de 100 m² em alvenaria leva ao menos seis meses para ficar pronto e custa de R$ 500 a R$ 1.200 por m2, conforme o acabamento.
Outro ponto a ser observado é a flexibilidade. "Idéias de pré-montagem têm muitos pontos positivos, como qualidade e precisão de medidas. O problema é verificar se o projeto tem fôlego de adaptação ao local", analisa Giovanni Palermo, 47, engenheiro civil do Instituto de Engenharia.
A adaptação do projeto a qualquer terreno é o que propõe a ITA Construtora na casa que irá expor. Seu sistema em madeira apresenta fundação profunda e estrutura que permite grandes vãos. "Não é uma casa popular, mas sim uma construção trabalhada em terreno acidentado e em pouco tempo", conta o engenheiro Hélio Olga, 48, da ITA.


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