São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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Verde tipo importação

Certifica do america no de sustent abilidad e "carimb a" seu primeiro prédio no Brasil; obra foi 30% mais cara

Renato Stockler/Folha Imagem
Prédio da Gafisa em construção perto da av. Rebouças segue orientações para certificação sustentável


MARIA CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não só de áreas verdes se constrói um empreendimento sustentável. Para ser certificado como tal, materiais usados e procedimentos na construção devem justificar a classificação.
Mas, como no Brasil não existe um órgão para qualificar a sustentabilidade de uma obra, esse tipo de certificação tem sido buscado no exterior.
Uma agência do Banco Real, inaugurada em janeiro deste ano, tornou-se, em junho, o primeiro prédio brasileiro a ter o Leed (Liderança em Energia e Desenho Ambiental, sigla em inglês), selo americano para edificações sustentáveis.

Benefícios
Localizado em Cotia (Grande São Paulo), o edifício possui itens como tratamento de água para reúso, madeira certificada, tintas e colas à base de água e bloco cerâmico reciclado.
Entre as vantagens da construção de um edifício verde, além da questão ambiental, está a economia na manutenção.
O engenheiro do Banco Real Marcos Casado, 34, lembra que o custo operacional da nova agência é reduzido. "Conseguimos uma economia significativa de energia e água", relata.
Apesar do crescimento da procura por esse tipo de certificação no país -ao menos outros três prédios estão em processo de obtenção do Leed-, há poréns na construção de edifícios sustentáveis no Brasil.
Segundo Casado, materiais como painéis de captação da luz solar são caros e não têm fornecedores nacionais. "O gasto com a obra foi 30% maior [que o de outras agências]."
O consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Edificação Ecológica), Márcio Araújo, que presta assessoria para projetos sustentáveis e orientou o banco na compra de matéria-prima, vai além.

Palavra ou literatura
Ele afirma que é necessário ter cautela ao adquirir itens de fornecedores que se auto-intitulam sustentáveis.
"Como ainda não temos um "selo verde" específico do mercado brasileiro, é preciso acreditar na palavra do fabricante ou do construtor", afirma.
Uma saída é "apelar para a literatura técnica estrangeira e, a partir dela, criar um roteiro de avaliação de materiais", diz.
As exigências internacionais também envolvem a condução e a logística da obra.
Um dos requisitos para obter o Leed é usar fornecedores que estejam em um raio de cerca de 800 quilômetros da construção, para poupar a energia gasta no transporte.


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