São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Sob pressão

Depois de reprovar várias marcas em testes de segurança, Inmetro cria certificação obrigatória de qualidade para panelas de pressão

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sérgio Reis canta: "Panela velha é que faz comida boa". Mas, se for de pressão, modelos mais novos é que evitarão verdadeiras bombas no cardápio.
Motivado por maus resultados em testes -que revelaram grandes chances de explosão devido à falta de qualidade de componentes, como válvula que não resiste à pressão-, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) emitirá, ainda neste ano, um selo obrigatório para essas panelas.
Em dezembro de 2006, o órgão pôs à prova 16 panelas de 13 marcas. Dos modelos que tinham o selo anterior -ele era voluntário-, 30% foram reprovados. As panelas sem o selo tiveram desempenho ainda pior: 67% foram condenadas.
Uma comissão composta por fabricantes, técnicos de laboratórios de análise e usuários ajudou a aprimorar a normatização, publicada no site da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) no último dia 25.
Segundo Paulo Coscarelli, diretor de qualidade do Inmetro, o selo estará impresso nas embalagens das panelas, terá cor amarela e uma numeração seqüencial para rastrear o lote.
"Se tudo caminhar sem tropeços, no segundo semestre as lojas já deverão receber produtos com o novo selo", estima.
De acordo com Hélio Ramos, da Alumínio Ramos e membro da comissão, as panelas serão submetidas a testes hidrostático, de pressão, de oxidação e de toxidade e qualidade da borracha, entre outros -critérios mais rígidos que os anteriores.
"Como não havia fiscalização, alguns fabricantes imprimiam o selo em seus produtos sem certificação", diz Ramos.
Ele denuncia ainda que fabricantes alteravam a qualidade dos produtos para a visita dos laboratórios de análise.
"Depois que recebiam a certificação voluntária, voltavam a produzir panelas com volume menor e com menos alumínio."
François Schaefer, diretor de marketing do grupo que fabrica a marca Clock, estima que haja cerca de 160 marcas de panela de pressão e que pelo menos a metade não vai conseguir se adequar às novas exigências.
"Para atender à norma, nós estamos fazendo alterações na borracha e nos cabos", revela.


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