São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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Tudo se transforma

Reaproveitar a mesma porta, a madeira do piso, ladrilhos e entulho é solução para pequenas reformas

ESCADA DE DEMOLIÇÃO
No sobrado na Vila Mariana, a madeira usada nas escadas é de demolição; no chão da sala foi reaproveitado o contrapiso


CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dar início a pequenas obras e reformas na casa sem abandonar preocupações ambientais não passa apenas pela escolha de produtos sustentáveis, mas segue também outro princípio básico: o reúso de materiais.
"O primeiro ponto é reaproveitar o máximo possível do material já existente; o segundo, utilizar os próprios resíduos da obra", orienta Márcio Araújo, consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).
A diretriz contribui não só para o ambiente mas também para o bolso do proprietário.
Numa casa de vila reformada em Pinheiros (zona oeste), valer-se de tijolos, janelas e portas originais -realocados na própria reforma- foi uma escolha econômica e estética. "O reaproveitamento barateou a obra e manteve as características da casa construída na década de 40", afirma a proprietária do imóvel, a administradora Helena Marcelino da Silva, 45. Ela o adaptou às necessidades de sua sogra.
Construir com madeira de demolição, da própria obra ou comprada em lojas especializadas, apresenta duas vantagens: a qualidade do material, que, em geral, é maciço, e o fato de ele estar completamente seco.
"A madeira já não "trabalha" mais. Não há o risco de ela empenar ou mudar", explica a arquiteta Letícia Achcar, que fez a reforma da casa de Helena. Deve-se verificar, porém, se não está condenada por cupins. No projeto, parte do entulho serviu para soterrar o porão e construir uma rampa de acesso. O ladrilho hidráulico e o piso da varanda, que foi desmontada, ajudaram a compor o chão da ampla cozinha.

Viabilidade
"Transformação de resíduos em recursos" é a proposta do Norie (Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), define o professor Miguel Sattler.
O núcleo desenvolveu um projeto de casas populares em Alvorada (RS), com uso de materiais da região -com menores custos de deslocamento-, reaproveitamento de resíduos como água de chuva e esgoto e utilização da energia solar para aquecimento de água.
O reúso de água de chuva é viabilizado por um valor relativamente acessível. Uma estação caseira para suprir descargas e rega de jardim custa, em média, de R$ 2.500 a R$ 5.000 -R$ 2.000 de filtros e de R$ 500 a R$ 3.000 de cisterna.
Posicionar o prédio para aproveitar o máximo de iluminação natural e, ao mesmo tempo, proteger as fachadas -com brise-soleil, por exemplo- que recebem muita luz do sol evita o uso de ventilador ou de ar-condicionado e é solução simples na hora da construção.


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