São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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MATERIAIS

Arquitetos e decoradores recomendam mesclar as peças com pastilhas de vidro, tecidos, texturas e até aço inox

Barato, azulejo pode ficar bom e bonito

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Fácil de limpar, resistente e barato. Com essa massa de qualidades, o azulejo está assentado na preferência de consumidores e construtoras para revestir as paredes do banheiro e da cozinha.
Mesmo assim, há quem acrescente à mistura o adjetivo "monótono" e torça o nariz para uma parede de azulejos até o teto.
Para esses, arquitetos e decoradores indicam materiais como pastilhas de vidro, texturas e aço inox como companheiros desse velho imigrante português.
"Ainda se usa com frequência azulejo até o teto, mas muitos preferem personalizar a decoração com detalhes", opina o arquiteto Artur Jorge Soares, 32.
No banheiro, o azulejo não precisa dominar inteiramente a parede, a não ser a do boxe.
As opções para alternar com os tradicionais ladrilhos são muitas, como faixas decorativas, pastilhas de vidro, tinta epóxi, azulejos decorados e até texturas laváveis.
E nem os tecidos ficam de fora. A designer de interiores Mon Liu aponta dois materiais: uma trama de fibra de vidro ou tecido de palha (este mais adequado para lavabos, porque não é lavável).
Há combinações mais ousadas. Soares usou o inusitado aço inox para dar a paredes de banheiro um "ar mais contemporâneo".
Já a designer de interiores Terezinha Silvestrini forrou paredes de um lavabo com camurça e fez uma faixa de madeira wengue na parede de uma cozinha.
Na opinião de arquitetos e decoradores, o azulejo ainda é o mais indicado para forrar paredes que sofrem com o excesso de gordura.
"A cerâmica é mais adequada para cozinhas grandes e muito utilizadas", comenta Silvestrini.
Ela completa que pastilhas de vidro, pintura com epóxi e fórmica, apesar de precisarem de mais manutenção, podem ser adotadas por mestres-cuca de microondas.

Piso e paredes
No chão, a lajota não precisa ficar sozinha. "Tozzettos" (pedaços de piso cortados e encaixados entre as lajotas) e desenhos feitos com outros materiais podem ficar lado a lado com ela.
Mas, para o arquiteto Luís Augusto Garçon, a escolha requer cuidado. "É complicado combinar materiais que desvalorizem a cerâmica, como o mármore."
Azulejo à moda portuguesa deixou, há muito, de ser o par perfeito das paredes de casa. Quem entra em uma loja de materiais de construção se depara com infindáveis alternativas, especialmente os derivados da cerâmica.
Mas nem sempre aquele piso esmaltado radiante ou um precioso ladrilho hidráulico são as melhores opções. Antes de escolher, é preciso analisar o uso que o material terá em casa.
Fátima Berlitz, 41, engenheira civil e sócia da Ville Rose Cerâmica, comenta que uma confusão comum é o consumidor escolher azulejos para colocar no piso.
A decisão envolve preocupações como a resistência mecânica, à abrasão e a riscos. "Esmaltados para pisos precisam ter grau superior a sete na escala Mohs [que mede a dureza]", ressalta, acrescentando que é preciso estar atento também ao PEI, que mede a resistência do material à abrasão, em uma escala de um a cinco.
Ela afirma que os esmaltados são boas opções para a cozinha por serem mais fáceis de limpar, mas a designer de interiores Mon Liu faz suas ressalvas. "São muito brilhantes e podem causar desconforto visual em quem passa muito tempo no ambiente."
Para os que já preparam os rolos para cobrir as paredes da cozinha com a tinta epóxi -que vai bem no banheiro-, arquitetos ponderam que nem sempre vale a pena adotar a técnica.
"Sem um bom sistema de sucção de gordura, é complicado manter a pintura", diz Soares.
Outro revestimento que requer cuidado na cozinha são as pastilhas de vidro. "Não é recomendável para quem cozinha muito, porque é difícil limpar o rejunte, que vai engordurando e escurecendo", afirma Liu.

Cuidados com o chão
Quem acha lindo o ladrilho hidráulico deve ponderar que, por ser poroso, ele suja com facilidade e logo fica gasto e envelhecido.
Outro material que encanta a muitos, o mármore, é contra-indicado para o chão do boxe, por exemplo, porque, segundo Berlitz, acaba se desgastando.
Engana-se quem acha que o azulejo deve ficar confinado às áreas úmidas. Decoradores apontam que ele migrou para outros cantos da casa.
"A cerâmica fica bem na moldura de lareiras, em faixas de churrasqueiras ou em tampos para balcões", corrobora Garçon.
Com o material em mãos, quanto mais a combinação escolhida for diferente, mais criteriosa deve ser a escolha do profissional que irá assentá-lo. "Evita surpresas desagradáveis com o acabamento", lembra Berlitz.
(BRUNA MARTINS FONTES)


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