São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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Sem deixar de lado aspectos místicos ou culturais, nativos unem peças vindas da Índia com o mobiliário brasileiro

Objeto indiano "casa" com móveis nacionais

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Na hora de montar sua casa no Brasil, os indianos são adeptos da fusão entre Ocidente e Oriente. Em geral, o mobiliário é brasileiro, mas na decoração imperam os objetos vindos da Índia. Essa é a regra na decoração da casa de Lakhi Daswani, 52, dono do restaurante Tandoor, em São Paulo.
Mas, como a decoração não é apenas uma questão de estética para os indianos, em suas casas não faltam objetos com significações místicas ou culturais.
Além do cantinho reservado a divindades como Ganesh (deus mais venerado, considerado protetor e que abre caminhos) ou Shiva (que simboliza a transformação), outros detalhes deixam entrever seus costumes.
"Na casa dos hindus nunca falta o "diuli" [lamparina", que acendemos, com azeite, para os deuses no oratório", exemplifica Amélia Teresinha Miranda, psicóloga e professora, nascida em Goa.
Outro detalhe é o bandô (arranjo de folhas bordadas ou de metal) pendurado no alto da porta. "Os desenhos simbolizam divindades", diz a dona-de-casa Krishna Majumder, 50, de Calcutá.
Na porta de sua casa, ela também tem sinos. "Transmitem paz e união e sempre são pendurados em uma corda decorada."
O misticismo está na entrada da casa da cantora Ratnabali Adhikari, 46. Assim que passa a porta, o visitante se depara com uma estátua de Ganesh, que está lá "para remover todos os obstáculos".
A combinação de culturas também está presente. "Tentei fazer dois ambientes, um mais ocidental, com sofás e a televisão, e outro mais indiano", explica.
Neste último, não faltam almofadas bordadas (geralmente com estampas de elefantes), estátuas de divindades e quadros feitos de panos pintados com figuras como marajás e bailarinas.

Jeitinho brasileiro
As peças indianas não se encaixam só em ambientes tipicamente orientais. Para decoradores, caem bem em ambientes modernos. "Almofadas de seda coloridas dão um toque diferente a um sofá branco em uma sala contemporânea", exemplifica a arquiteta de interiores Nesa Cesar, 45.
Isso sem deixar de lado um toque de criatividade. Muitos objetos antigos são reinventados -como os sáris, tecidos que migraram da cintura das mulheres para as paredes e janelas da casa.
Nessa reinvenção, vasos e esculturas longilíneas viram bases para abajures, estribos de camelos se transformam em estantes e panelas para fazer iogurte tornam-se cachepôs. Baús também são usados como mesa de centro.
Mas é preciso conhecer bem o produto. "Quem compra um objeto indiano tem de saber o material de que é feito, sua história", recomenda Mukesh Chandra, dono do restaurante Govinda.
"Não adianta comprar a peça sem saber o que significa", concorda Sonia Mesquita, 60, proprietária do hotel Canto da Floresta, decorado em estilo indiano.
Como muitos objetos são feitos de uma mistura de metais, toda atenção ao material é pouca. "Peças com metais baratos escurecem rápido", aponta Majumder.
A única ressalva que os indianos fazem refere-se ao local onde colocar as esculturas de seus deuses.
"Elas devem ficar em destaque, e não em locais como sobre o microondas ou no banheiro", opina Adhikari. (BRUNA MARTINS FONTES)


ONDE ENCONTRAR
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