São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

Texto Anterior | Índice

área verde

Jardim japonês é exercício de paciência

Contemplação filosófica exige cuidados de manutenção diários; vegetação para projeto simples custa R$ 50

DA REPORTAGEM LOCAL

Com suas formas arredondadas, tamanhos reduzidos e muitos significados, um jardim japonês exige gosto pela jardinagem e tempo para manutenção e podas constantes.
Mas o trabalho poderá valer a pena se a alma não for pequena: construídos minuciosamente, esses jardins de contemplação -não se deve passear por eles, só observá-los- têm uma razão filosófica de ser, traduzida em pedras, pedriscos, água, bambu, pontes e luminárias.
"Eles contam histórias sobre a evolução espiritual e a importância da natureza em nossas vidas", teoriza o paisagista japonês Rui Fukushima, 55.
Mas ele ressalta que, sem a manutenção diária das formas e dos tamanhos, o jardim perde seu sentido original.
"A água representa a reflexão, a purificação. As pedras são as ilhas ou as montanhas e recriam a paisagem oriental", explica a professora de pós-graduação em paisagismo do Senac-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) Marcella Ocke, 33.
Ela diz também que pequenas pontes simbolizam a passagem na mudança de um estado de espírito.

Representação
A arquiteta Mari Yamada, 43, lembra que, quando não há possibilidade de projetar pequenas fontes de água, os pedriscos podem representá-las.
"Nos jardins japoneses, são freqüentes bambus de vários tipos, cerejeiras, azaléias, podocarpos e camélias, além de plantas para sombra, como musgos, que substituem o pinheiro negro japonês, menos usado no Brasil porque pede muita manutenção", enumera.
A "filosofia de jardim" passa também pelos hakonuias, microjardins sobre bandejas (de madeira, chapa galvanizada, plástico ou cerâmica) que podem ter uma pequena fonte de água corrente, adaptada a uma bomba (a de aquário custa, em média, R$ 30). "São ótimos para decoração de interiores", conclui Fukushima.
A adubagem orgânica da terra pode ser feita com mistura de torta de mamona e pó de osso apodrecidos em água, na proporção de um quarto de cada sólido e dois quartos do líquido, dentro de uma garrafa PET, a cada 60 dias.
O adubo químico, geralmente encontrado em lojas de produtos agrícolas, deve ser borrifado a cada 30 dias nas folhas das verdinhas.

Preços
Os custos com a vegetação variam de acordo com o tamanho do jardim, as espécies escolhidas e a formação das plantas, mas R$ 50 são suficientes para um projeto simples.
Os pedriscos são vendidos em sacos de 40 quilos, que custam, em média, R$ 15.
O jardim pode ficar em uma área dentro da casa, mas não pode permanecer longe da luz do sol por todo o tempo. No caso das plantinhas nas bandejas, elas podem ser carregadas para tomar um banho de luz no quintal, por exemplo.
(GIOVANNY GEROLLA)

RUI FUKUSHIMA
Fukushima Garden
www.jardimjapones.com.br

0/xx/11/4416-1083 e 9942-4673


Texto Anterior: Poluição e corrosão esfriam desempenho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.