São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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CONJUNTURA

Os pessimistas recomendam reformar agora, os otimistas adiam planos, e há a "turma do depende"

Situação confunde até economista

FLÁVIA MARREIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sinal amarelo para quem quer financiar a reforma da casa. Consultores e economistas projetam números diferentes para juros, índices de inflação e câmbio.
Reformar ou esperar um pouco? Para os pessimistas, vale a pena apertar o acelerador e garantir uma compra financiada com os juros atuais. No futuro, acreditam eles, as taxas serão maiores.
Para os otimistas, é hora de esperar: o sinal verde para financiamentos mais longos só virá no ano que vem. Apostam em maior oferta de crédito, juros mais baixos, prazos generosos.
Há ainda o grupo dos "otimistas moderados", do qual faz parte o assessor econômico do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Guido Mantega, 53. Traçam um cenário positivo, mas tudo depende da conjuntura externa.
O que fazer? Recomendar a compra à vista, conselho universal, é pouco útil quando 80% dos que pretendem adquirir material de construção neste final de ano pagarão a prazo, segundo pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo), da USP (Universidade de São Paulo).
Na pesquisa, os campeões da preferência, com 42,9%, são pagamentos com carnês em lojas ou parcelamento com financeiras.
A preferência faz sentido, analisa o coordenador-geral do Provar, Cláudio Felisoni, 50. "É enorme a concorrência entre as grandes lojas, e elas vão querer atrair o consumidor pelo crédito."
Segundo o assessor econômico da Serasa (Centralização de Serviços Bancários) Carlos Henrique de Almeida, 42, o comprador deve aproveitar as condições facilitadas das lojas e escapar das mudanças de humor da economia.
Mesmo aconselhando esse tipo de financiamento, ele diz que é preciso fazer as prestações caberem no orçamento no futuro. "Os preços dos serviços públicos ainda vão subir por conta da alta do dólar nos últimos meses."

No banco
Pedir empréstimo em bancos só é vantajoso se o cliente barganhar um bom desconto (10% ou mais) nas compras à vista do material. "Se for menor, é melhor deixar o dinheiro no banco, mesmo se tiver para pagar à vista", afirma José Dutra Sobrinho, 63, professor de matemática financeira da USP.
Para financiamentos corrigidos por índices de inflação -o que inclui algumas linhas específicas para a compra de material-, é um bom procedimento incluir no contrato a possibilidade de abater a dívida mais rapidamente, ensina o professor de finanças da USP Alexandre Assaf Neto, 55.
A medida protege o consumidor de uma eventual subida da inflação. "Já ocorreu antes, e nada garante que não possa se repetir", avalia o professor doutor em finanças Mauro Halfeld, 42.
Já os consórcios são vistos pelos analistas como um negócio com poucas vantagens em qualquer conjuntura econômica. "Só é bom para quem será sorteado nos três primeiros meses. E, como ninguém pode garantir que isso vai acontecer, é melhor não arriscar", aconselha Dutra Sobrinho.


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