São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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O luxo do lixo

Caçamba e ferro-velho escondem objetos que podem se transformar em peças de decoração

Renato Stockler/Folha Imagem
A arara que serve de cabide para as roupas no ateliê do designer Matheus Pereira era originalmente um expositor de pet shop


BÁRBARA CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se decorar sem gastar é a ordem, um futuro abajur, um pé de mesa, uma base de escrivaninha e um cabideiro podem estar na esquina de casa, abandonados em uma lixeira.
Ferros-velhos e caçambas são a menina-dos-olhos do artista plástico Tomás Vega. "As pessoas desperdiçam muita coisa, por isso o lixo é um lugar rico para encontrar objetos que podem ser transformados."
Ele fez um arquivo em formato de totem com um gaveteiro abandonado. "Enchi o carro com as gavetas, selecionei as que estavam em melhor estado, pintei, pensei no formato e o estruturei", descreve.
A matéria-prima coletada nas ruas deve ser durável e transformável, segundo ele. "Não tem de ter filtro ou idéia fixa: o negócio é ir até a caçamba e ver o que ela lhe oferece."
A qualidade do material deve ser bem avaliada. "Se a madeira for servir para decoração, pode estar um pouco deteriorada, mas é importante verificar sua qualidade caso a intenção seja usá-la como móvel", explica.
O melhor horário para sair à procura de matéria-prima é entre 18h e 19h, horário em que as lojas deixam o lixo para fora. Todo final de tarde, o designer Matheus Pereira faz a ronda pela vizinhança. "Mas também já desci do carro no caminho da balada para recolher uma mesa", conta.
No ateliê do designer, que também é sua casa, os vidros de uma vitrina demolida são o tampo da escrivaninha, a mesa de centro "nasceu" como armário de cozinha, e a arara -que também é mural de fotos- era originalmente um expositor de coleira de cachorros.
Todas as matérias-primas foram encontradas nas ruas. "Freqüento feiras de antigüidade apenas para me inspirar, mas não compro nada."


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