São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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JARDINAGEM

Adeptos do verde em casa criam fórmulas para cuidar das plantas sem interferir nos demais afazeres do dia

Falta de tempo não serve como desculpa

Fernando Moraes/Folha Imagem
A artista plástica Rachel Vianna chegou a fazer um curso de paisagismo e dispensou o jardineiro


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Ter um cotidiano atarefado não é incompatível com o cultivo de plantas. A artista plástica Rita Paiva, 42, por exemplo, afirma ter um dia-a-dia agitado, o que não a impede de ter mais de 15 tipos de flores e folhagens em seu jardim.
"Dou prioridade para as plantas mais fáceis de cuidar, como bromélias e begônias", diz ela, que rega as plantas à noite, quando chega do trabalho, e tira um dia por mês para cuidar da grama.
Já o paisagista Luciano Alencar, 26, que trabalha das 6h às 20h, acha brechas na agenda e reserva o dia de folga semanal para cuidar de seu jardim. "Tenho mais cuidados com a rega e com os vasos."
A artista plástica Rachel Vianna, que chegou a fazer um curso de paisagismo, dispensou o jardineiro para assumir o comando do jardim que rodeia sua casa. Toda semana ela dedica um tempo ao espaço, que conta com lírios, orquídeas, azaléias e fênix.
Os mais desligados ou aqueles que não param em casa podem se dar bem se escolherem plantas duras na queda. Entre as campeãs em simplicidade e resistência estão, por exemplo, cactos e lanças.
Se a intenção for decorar com plantas menos áridas, há algumas espécies de palmeiras. "As folhagens são mais resistentes do que as plantas de flores", comenta o paisagista Fernando Yamasaki.

Cuidados
Ao escolher uma planta, o visual também pesa. "Muitas têm forte elemento escultural, como os cactos e os bambus", diz a designer de interiores Bianka Mugnatto.
Mas, como as plantas não são apenas objetos de decoração, uma escolha malfeita pode ter o efeito reverso, caso elas murchem ou sequem por inadequação ao ambiente ou por falta de cuidado.
Fabiana Traldi, 24, engenheira agrônoma e paisagista do Ibrap (Instituto Brasileiro de Paisagismo), recomenda atenção à luminosidade do local para escolher uma espécie que se dê bem à meia-sombra, em ambientes bem iluminados ou onde bata sol.
Um exemplo de planta que está na moda, mas não se acostuma a todo tipo de ambiente, é o bambu-mossô. Ele exige muita iluminação -não adianta mantê-lo dentro de casa, à meia-sombra, pois as folhas secam e caem.
A artista plástica Rachel Vianna tentou cultivar um em seu jardim, mas não deu certo. "Coloquei-o em um espaço onde bate sol, mas mesmo assim ele secou", diz.
Armando Reis Tavares, pesquisador do Jardim Botânico de São Paulo, comenta que a fênix também não mantém a boa aparência por muito tempo longe do sol.
O cuidado número um com as plantas é a atenção à rega. "O principal é identificar qual é a resistência da planta à falta de água, que, na média, é de três dias", comenta o paisagista Marcelo Faisal.
Nesse quesito não há outra saída a não ser colocar os dedos na terra para saber se está seca ou úmida. Mesmo que haja indicação de quantas vezes é preciso regá-la, para evitar o ressecamento, especialistas recomendam atenção a variações de temperatura.
Para quem vive esquecendo de molhar as plantas porque chega tarde ou viaja com frequência, a dica de Faisal é casar a sede da planta com o calendário da diarista. "A planta precisa estar adequada à logística da casa", completa.

Vaso
Mas nem só de sede morre a planta. "Onde bate muito sol, elas não devem ficar muito perto do vidro, porque o calor muito forte pode queimá-las", conta a bióloga Assucena Tupiassú, coordenadora do curso de jardinagem do parque Ibirapuera.
Outro aspecto importante é a escolha do vaso, que deve ir além do aspecto estético e ser feita em consonância com o porte da planta. Por isso nada de querer economizar colocando plantas pequenas em vasos grandes.
"A planta deve ocupar cerca de 60% da terra do vaso", recomenda Arnaldo Rentef, 46, paisagista e professor dos cursos de paisagismo do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Além disso, o material do vaso conta bastante para planejar as regas. "O barro perde água, enquanto o plástico retém", explica a bióloga Tupiassú.


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