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Consumo atual em São Paulo só pode ser mantido por cinco anos, segundo Sabesp
Sistema de reúso e consumo racional do líquido amenizam pressão da demanda
Casa sustentável deve beber pouca água
DÉBORA DIDONÊ
MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Consumir o mínimo de recursos naturais e fazer bom uso deles
é indispensável à casa sustentável.
No ambiente urbano, especialmente em uma metrópole, nenhum elemento traduz melhor
essa preocupação do que a água.
Na Grande São Paulo, por
exemplo, 4,1 bilhões de litros de
água são consumidos diariamente pelas 18,2 milhões de pessoas
que estão ligadas à rede de distribuição da Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de
São Paulo). Mas essa abundância
pode chegar a um limite.
Nesse nível, o fornecimento só
pode ser garantido para "os próximos cinco ou seis anos", segundo Paulo Massato Yoshimoto, diretor metropolitano da Sabesp.
"Se continuarmos a crescer nessas taxas demográficas sem um
programa forte de uso racional, a
solução será buscar água em outras bacias", diagnostica.
Até agora, a solução para suprir
o consumo na região metropolitana foi buscar outras fontes, segundo Yoshimoto, o que exige investimento e encarece a tarifa de
fornecimento da água.
Para o professor Uriel Duarte,
do Instituto de Geociências da
USP (Universidade de São Paulo),
a situação não chega a ser tão calamitosa. "O que temos de água é
suficiente e sustentável. Poderíamos estar com até 5 milhões de
habitantes a mais e mantermo-nos no mesmo ritmo de abastecimento", explica.
O fornecimento ideal para a população da Grande São Paulo é de
58 m3 a 62 m3 por segundo, de
acordo com Duarte. Esses valores,
aponta, são menores que o nível
de fornecimento atual da Sabesp,
que é de 66 m3 por segundo.
"Nós desperdiçamos água. Como temos um costume centrado
no custo e a água é relativamente
barata, não mantemos o espírito
de economia. Mas, gastando menos, manteremos uma margem
para o aumento populacional."
Uso racional
O melhor meio de solucionar o
gargalo da água, segundo especialistas, não é investir em novas bacias, e sim na conscientização sobre o uso racional do insumo.
O primeiro passo é usar água
potável somente quando for indispensável. "Na indústria e em
atividades agrícolas, a água fornecida não precisa ser potável. Isso
também vale para irrigar gramados, lavar calçadas ou veículos e
para a descarga de vasos sanitários", enumera Aldo Rebouças,
do IEA-USP (Instituto de Estudos
Avançados da Universidade de
São Paulo).
Outro modo de poupar o líquido é reduzir seu consumo em
chuveiros, vasos sanitários e torneiras. Adotar um sistema de reúso também diminui a pressão do
consumo sobre o sistema de abastecimento (leia texto ao lado e
quadro abaixo).
Para dar um impulso à economia de água, a Prefeitura de São
Paulo aprovou recentemente a
criação do Programa Municipal
de Conservação e Uso Racional
da Água em Edificações, que prevê o uso de bacias sanitárias, de
torneiras e chuveiros econômicos
e de hidrômetros individuais em
condomínios.
A medida agradou a especialistas. "O problema é que ninguém
vai fiscalizar essa lei", opina Ivanildo Hispanhol, presidente do
Cirra (Centro Internacional de
Reúso da Água).
O vereador Aurélio Nomura
(PV-SP), autor do projeto, diz que
o controle será possível por meio
das próprias contas de água. "Elas
apontam o consumo e, assim, pode-se verificar se os sistemas foram implantados ou não. Será como na época do apagão."
Em Curitiba, um levantamento
mostrou que a cidade teria problemas de abastecimento ao atingir a marca de 5 milhões de habitantes em 2010. Por isso, em 2003,
foi aprovada uma lei determinando que as edificações tenham bacias de 6 litros e medição individualizada para cada apartamento,
além de opções para o reúso.
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